sábado, junho 28, 2003
PS: Com este post anterior, espero ter evitado que o Pirilampo Mágico avance com as tais fotos... ZDQ
posted by Gato 5:30 da tarde
CONSCIÊNCIA SOCIAL: As pessoa queixam-se dos cagões, dos novos-ricos que exibem o seu dinheiro. Dizem que é falta de educação. Discordo. É, pelo contrário, uma função social de grande importância. Se os pobres olharem para um tipo endinheirado e não virem nada de especial, nenhuma diferença entre o rico e eles, o que é que vão pensar? “Olha, o Dr. Fulano, apesar de obscenamente rico, é igual a nós, os pobres. Não há grande diferença entre ter ou não ter dinheiro. Vamos cagar nisso do enriquecer.” E encostam-se. E a economia estagna. Por isso, ao mostrar exaustiva e intensivamente aos pobres os benefícios que o dinheiro traz (segunda casa de férias, barco maior, plasma na casa de banho), o cagão está a espicaçar a ambição deles. “Estás a ver o relógio de ouro do Engº Cicrano? Para termos um igual precisamos de ganhar muito dinheiro!” E vão trabalhar mais e melhor. Agora, da mesma maneira, é importante que os pobres, quando mesmo pobres, não tentem esconder a sua condição. É ao vê-los que os ricos vão buscar a força para continuar a ganhar dinheiro. ZDQ
posted by Gato 5:28 da tarde
quinta-feira, junho 26, 2003
A SIC ESTÁ ÓRFÃ: A Alta Autoridade para a Comunicação Social vai ser extinta. E agora? Nas recomendações de que instituição pública é que a SIC se vai borrifar? MG
posted by Gato 11:49 da tarde
MALEITAS INVISÍVEIS: Nunca consegui perceber satisfatoriamente a razão pela qual a maioria dos mendigos arregaça as calças e, com ar sofrido, exibe canelas exemplares, sem qualquer sinal de deficiência. Na pior das hipóteses, elas merecem apenas o reparo da higiene. Só se, com esse gesto, eles estão a dizer: "Olhem para esta miséria! Nem sequer tenho dinheiro para a depilação a laser!"
Perante esses casos, recuso-me a pactuar com tão mal fundamentadas lamúrias, pelo que não dou esmola. A incompetência, seja em que actividade for, não deve ser recompensada, sob pena de se instalar uma filosofia de injustiça social em que o sucesso dos pedintes não se baseia no mérito. MG
posted by Gato 11:46 da tarde
18 A FAVOR E 1 CONTRA: Na capa do Blitz, lê-se: “18 razões para ir com Moby ao Meco”. Em se tratando do efeminado Moby e do despreconceituoso Meco, eu contraponho com uma razão para não ir. MG
posted by Gato 5:00 da tarde
O MAL QUE VEM POR BEM: Hoje, na Visão, apareço identificado como Tiago Dores. Os meus dons fotogénicos são tão precários que o mal-entendido acaba por me beneficiar. MG
posted by Gato 4:56 da tarde
ANDA UM GAJO A TRABALHAR PARA ISTO? É a moda literária do Verão. À pergunta: “O que é que anda a ler?”, toda a gente responde: “Comecei agora a Recherche, do Proust...”. Já nem falo do facto de se referirem ao livro desta forma familiar, com esta intimidade first name basis (se isto pega, vamos ter “estou a reler o Mil Novecentos, do Orwell...” ou “pousei o Uly, do Joyce...”). O que me faz mais espécie é andarem todos a gabar a tradução do Pedro Tamen, mas continuarem a dizer o título em francês. ZDQ
posted by Gato 1:21 da tarde
CORREIO DOS LEITORES: A nossa amiga Charlotte pergunta: “Porque é que as vítimas do escândalo da Casa Pia não largam o Sr. e o Dr. dos nomes dos pedófilos? "E o Dr. Ritto levou-me para um quarto e depois o Dr. Ritto disse-me para despir as calcinhas e pôr-me de gatas." "O Sr. Bibi era nosso amigo e levava-nos a passear." Terão os pedófilos direito a título?
Cara Charlotte, mais do que isso, acho que a tua questão vem é provar que, apesar dos defeitos conhecidos – que os tem, é inútil negar – a Casa Pia continua a ser uma instituição de referência a nível educacional. É disso prova o respeito aos mais velhos e aos superiores hierárquicos, incutido nos jovens desde muito cedo. Convenhamos que não seria muito edificante ouvir “E o cabrão do Ritto levou-me para um quarto...” ou “o paneleiro do Bibi era nosso amigo...”. Há palavras que não ficam bem na boca das crianças.
No fundo: sim, abusam das menores, mas facultam-lhes também acesso à educação que tanta falta faz no competitivo mundo moderno e à qual não teriam acesso doutro modo. Saem de lá preparadas.
Um beijo. ZDQ
posted by Gato 1:19 da tarde
A SOPA DA CLAUDIA SCHIFFER: Não estou completamente certo de ser a isto que a socióloga alemã Noelle Neumann se referia, quando falava de uma espiral de silêncio (apenas o Socio[B]logue possui as credenciais necessárias para o esclarecimento cabal), mas a verdade é que a comunicação social está a contribuir para abafar um dos maiores escândalos das últimas décadas no influente e inescrutável sub-mundo dos congelados. E qual é conspiração que está a ser tão competentemente urdida? Pois bem, actualmente há, não um, mas dois Capitães Iglo. (Pausa para o leitor se recompor do choque). Vamos à comprovação dos factos: há este Capitão Iglo, e depois há este Capitão Iglo. O primeiro é o tradicional velhinho, de barbas brancas, profundo conhecedor das técnicas da pesca do douradinho (diz, quem sabe, que o douradinho é das espécies piscícolas que mais engenho requer do pescador). O segundo é um jovem tisnado, olhinho azul e barba de três dias. Tem todo o ar de quem, nos intervalos da pescaria, dá um salto a Nova Iorque para fazer uma perninha no desfile da colecção Primavera/Verão da Donna Karan.
A explicação para a dupla identidade, suspeito, reside na tibieza de carácter dos responsáveis de marketing da Iglo. Incapazes de resistir à omnipresença da beautiful people na publicidade, deixaram cair o encanecido capitão e abraçaram um Paulo Pires dos mares gélidos. Posteriormente, terão compreendido a falta de credibilidade de tão estética figura e devolveram o posto ao ancião. Encontramo-nos, portanto, nesta fase transitória, de passagem de testemunho entre Capitães Iglo.
A questão que, neste momento, interessa lançar para a praça pública é: quantos consumidores estariam interessados em comer uma sopa confeccionada com base numa receita da Claudia Schiffer? Provavelmente o mesmo número de homens que estariam interessados em assistir à sua avó a fazer strip-tease, em cima da mesa da sala de jantar, despindo languidamente a bata, as meias de descanso e as socas (por esta ordem). Atenção: eu aprecio muito a Claudia Schiffer; e também não desgosto da minha avó. Mas cada uma na respectiva divisão da casa. MG
posted by Gato 11:37 da manhã
POST À RTP: Durante todo o dia de ontem, foi tecnicamente impossível postar fosse o que fosse. Pela falha técnica, a que somos completamente alheios, pedimos desculpa. Ainda pensámos que se tratava de sabotagem (lembram-se do "Esperem pela pancada..."?), mas nem podemos alegar tão excitante desculpa. Era só mesmo uma velha e chata falha técnica, à boa maneira da RTP. MG
posted by Gato 11:26 da manhã
terça-feira, junho 24, 2003
BLOGS, BONS BLOGS: Há muitos e bons blogs para visitar. Continuamos a divulgar aqueles que descobrimos ou que se nos apresentam. Por exemplo: o blog do fã número 1 de Augusto M. Seabra, O Crítico. O blog de um gajus impressionantis: Latinista Ilustre (não só sabe latim como conhece Phoebe Buffay. É assim que eu defino erudição). O blog que desmente a ideia segundo a qual a generalidade dos sociólogos são pessoas insociáveis (os que eu conheço, são): Socio[B]logue. O blog cujo autor é sportinguista e liberal, mas também há-de ter qualidades: Jaquinzinhos. O éluardiano e aliterante O Duro Desejo de Durar (outros estudiosos da obra musical de Phoebe Buffay). O descobridor de pérolas surrealistas O Comprometido Espectador. O desassombrado Guerra e Pas. RAP
posted by Gato 6:53 da tarde
DNA: Pedro Rolo Duarte roubou uns minutos à sua actividade profissional (contemplar os movimentos de José Mário Silva) para escrever um ajuste de contas disfarçado de proposta de reflexão. Para reflectir, como notou António Granado, não há nada. Para ajustar, há umas contas aborrecidas que tentarei despachar com duas ou três notas rápidas.
1. PRD faz-me uma simpática referência. Diz, por outras palavras, que sou um zé-ninguém azedo. É bem observado. Mas o resto da crónica não revela a mesma argúcia. Vejamos:
2. Afirma PRD que “não há leitores a escrutinarem” os blogs – ao contrário, supõe-se, do que sucede com o seu DNa. Creio que se passa justamente o inverso. Boa parte dos blogs têm contadores de visitas e de page views. É possível saber, com alguma precisão, quantas vezes um blog é visitado e durante quanto tempo é lido. Mas ninguém sabe ao certo quantos leitores tem o DNa, porque quem compra o Diário de Notícias é “obrigado” a levar o suplemento, juntamente com o DN Classificados. Não quero com isto dizer que os blogs são superiores ao DNa. Cada meio tem as suas vantagens: não se pode forrar o lixo com um blog, mas com o DNa sim; não se pode ler o DNa em Nova Iorque, mas um blog sim.
3. PRD diz que “vale tudo num «blogue»”, ao passo que a imprensa, por ser “finita”, obriga o editor a escolher, e a publicar apenas o que tem qualidade. Isto é verdade. Por exemplo, na semana passada, o DNa incluía textos da mãe e da irmã de PRD. Houve aqui, de certeza, um duro trabalho de escolha. Para publicar a mãe e a mana, PRD teve, provavelmente, que preterir textos do padrinho ou dum primo direito, que não tinham tanta qualidade. Mas se o DNa fosse um blog, entravam todos. Aqui está um ponto a favor do DNa.
4. PRD revela um interesse mórbido pela actividade de José Mário Silva. Segue-lhe todos os movimentos, termina a crónica anunciando que vai “olhar” para ele e chega a revelar que sabe o que ele pensa quando abre a correspondência ou lê o jornal. Por paradoxal que pareça, creio que esta perseguição doentia pode revelar-se saudável: o meu amigo Zé Mário é um profissional extraordinário e um dos poucos cronistas que vale a pena ler no DNa. Observando-o atentamente, pode ser que PRD aprenda qualquer coisa.
5. Sobre a questão do espaço que os “notáveis” estariam a roubar na net, Pedro Mexia já disse tudo. Menos, talvez, isto: o que irrita PRD não é a putativa vaidade de quem tem acesso aos media tradicionais e quer, supostamente, exibir-se num blog. O que o irrita é que esses nomes venham legitimar, com a sua presença, um meio onde se ousa criticar os media tradicionais em geral e o DNa em particular. Toda a crónica desta semana é, aliás, atravessada por uma tentação totalitária, de que o arrepiante raciocínio “ah, se eu mandasse!” é apenas mais uma manifestação.
6. O autor do Blog Far Niente reverteu o argumento de PRD de uma forma belíssima. Não resisto a reproduzir: «(...) "se houvesse leis sobre a matéria e eu pudesse legislar" os suplementos de fim de semana "existiam. Mas tinham esta reserva legal": o Pedro Rolo Duarte não poderia ser director de nenhum.» RAP
posted by Gato 1:00 da tarde
segunda-feira, junho 23, 2003
IMPORTA REFLECTIR, AMIGOS: Sobre o artigo do Pedro Rolo Duarte. Relevemos o aspecto pessoal da polémica – não acredito que seja o objectivo principal da questão e, se for o caso, o Ricardo não precisa de ninguém que o defenda. Acima de tudo, não é uma polémica sobre o DNA e a sua qualidade. (Apesar disto, tenho de dizer que já percebi porque é que a revista se chama DNA. É por muitos dos seus colaboradores partilharem o material genético: PRD, a irmã, a mã... Pronto, não resisti. Mas é a única piadola, juro.)
Esta polémica é maior, e o artigo de PRD é apenas a vanguarda do que vem aí: a reacção da imprensa escrita aos blogues. Pelo que se viu, depois deste período em que é “tolerada”, a chegada da blogosfera nem sempre será pacífica. A posição de PRD face aos blogues não espanta. É uma reacção típica e facilmente identificada por uma metáfora camoniana que, não, não significa “pedófilo que ronda o jardim de Belém”.
Assistiu-se, na própria blogosfera, a respostas deste tipo, por parte de blogues mais antigos, a propósito da chegada de novos blogues – como o de Pacheco Pereira, por exemplo.
É uma atitude de quem está instalado e se vê posto em causa. E o DNA foi posto em causa. Por nenhuma razão especial (muito menos pessoal), mas por várias razões casuais: por ser um suplemento em que escrevem pessoas que também escrevem na blogosfera, por ser dirigido a um tipo de leitor que também consulta os blogues, etc. Mas o DNA é aqui um exemplo para toda a imprensa tradicional. Com blogues, as pessoas perguntam-se: se posso ler a Bomba Inteligente, porque é que vou ler a Camila Coelho? Se posso ler o Valete Fratres, o Tradução Simultânea ou o Aviz, porque é que irei ler o Eduardo Barroso? Para quê ler o Edson Athaíde, quando conheço uma mão cheia de blogues brasileiros mais divertidos? Porquê ler uma coluna do Zé Mário Silva, quando posso ler tudo o que ele escreve aqui? Para quê ler as cartas dos leitores, se, para onainsmo, posso ler o Meu Pipi? No fundo, porque é que hei-de ler o DNA, se posso (e de graça) ler alguns blogues?
E a questão é esta: o que é que o DNA (os jornais) tem para oferecer que eu não possa ir já buscar à Internet? Como é que a imprensa tradicional vai responder à existência de blogues na net onde (nem que seja só em 1% deles) se sabe mais, pensa e escreve melhor do que na maioria dos sítios? Nos EUA, é um assunto do dia – como o Pedro Mexia refere. É uma questão que interessa ser debatida (gosto desta expressão e é o realizar de um sonho poder usá-la num assunto sério).
Quando o PRD diz que as pessoas que já têm espaço num jornal deviam guardar a sua opinião só para o papel, estará a dizer que quem escreve na imprensa só tem uma opinião por semana, sobre só um assunto, em 3000 caracteres? Pode acontecer com alguns, não me parece que aconteça com todos. Nem todos são Veras Roquetes – embora também as haja, em grande número, na blogosfera.
O problema de PRD não é que haja gente a escrever opinião nos blogues. O problema de PRD é que haja muita gente a querer lê-la. E, continuando os jornais e revistas portuguesas por este caminho, cada vez vai haver mais.
Imagem final:
PRD vestido de monge copista e o seu adjunto copista a dizer-lhe: “parece que um alemão inventou a imprensa”. E diz o PRD: “Isso é muito bonito, Zé Mário, mas é um brinquedo para quem não tem livros para copiar”). ZDQ
posted by Gato 6:32 da tarde
FIRST THINGS FIRST: Cheguei há pouco tempo de S. Miguel e prometo começar em breve a destilar raiva anónima sobre assuntos pendentes. Para já, o importante é celebrar a chegada do novo blog de Pedro Lomba, chamado Flor de Obsessão. Isto são óptimas notícias. RAP
posted by Gato 3:43 da manhã
ERRATA: Alexandra Solnado diz que Jesus a instruíu a guardar o lucro da venda do livro para si. Depois de saber isto, já acredito que ela fale com Ele. É que um conselho destes é mesmo típico de um judeu. ZDQ
posted by Gato 1:30 da manhã
VANTAGENS DA INSULARIDADE: Estive nos Açores. Nas ilhas, o Expresso só chega Sábado à tarde. Tenho inveja dos açorianos: não se deixam enganar. A essa hora, as notícias já foram todas desmentidas.ZDQ
posted by Gato 1:26 da manhã
domingo, junho 22, 2003
REVISÃO DO ARTIGO 37º DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA: “1. Todos têm direito de exprimir e divulgar livremente o seu pensamento pela palavra, a não ser que o sujeito em causa tenha espaço próprio nos meios de comunicação social e pretenda ser detentor de um blogue. Nesse quadro jurídico, tal pretensão deve-lhe ser negada, porquanto o acesso aos blogues deve ser permitido apenas a anónimos. (A presente lei de revisão constitucional entra em vigor no trigésimo dia posterior ao da sua publicação no Dna. Aprovada por O Provedor dos Blogues, Pedro Rolo Duarte”. MG
posted by Gato 2:46 da tarde
ESCLARECIMENTO: A certa altura, Pedro Rolo Duarte refere que “toda a equipa do Dna tem apanhado por tabela, e até os pombos que habitavam na varanda da Sónia Morais Santos já levaram que contar”, numa referência abusiva a um dos meus posts. Quero aqui deixar bem claro que nada me move contra os referidos pombos. É certo que não os conheço pessoalmente, mas estou convicto de que se tratam de bons pombos. A minha única objecção foi em relação ao tratamento que Sónia Morais Santos deu ao tema. É que eu sou assinante da revista “Columbofilia Hoje” e tenho outro nível de exigência. Infelizmente, hoje em dia, toda a gente acha que pode escrever sobre pombos, mas não é bem assim. MG
posted by Gato 2:04 da tarde
O VILÃO: Demorou o seu tempo, mas, depois do Dna de ontem, julgo que está encontrado o arqui-inimigo dos blogues. Reparem que até a forma como Pedro Rolo Duarte finaliza a carta do editor (“Esperem pela pancada...”) se assemelha, sinistramente, ao modo como os vilões dos filmes do 007 se despedem de James Bond, segundos antes de baterem em retirada: “We will meet again...” MG
posted by Gato 1:50 da tarde