Gato Fedorento

sábado, maio 31, 2003

JOSÉ MANUEL FERNANDES, CRÍTICO DE MODA: Pede-nos o António Vicente: «Gostaria de ver a vossa opinião sobre o seguinte extracto do editorial de hoje (29 de Maio de 2003) do Público: “... É razoável que o juiz deste processo, que deveria cultivar a distância e o recolhimento, apareça nas televisões em ténis, “jeans” e “T-shirt”, deixando cair uma ou outra palavra quando devia estar calado? Não deveria um juiz, símbolo da justiça e do seu equilíbrio, cultivar uma imagem de dignidade e
severidade, incompatível com a pose desportiva com que surge diariamente perante os portugueses? Se nos tribunais se continuam a utilizar togas e a respeitar um conjunto de formalidades destinadas a construir uma imagem de severidade e respeito, não entenderá este juiz que deve respeitar um mínimo de formalidade na forma como se veste, sob pena de criar a imagem de que este caso está nas mãos de alguém sem maturidade? ...” José Manuel Fernandes, Editorial do Público de 29 de Maio»
Texto completo aqui.
Antes de dar a minha opinião sobre este assunto, queria aqui contar uma história. É rápida. Em 1998, o meu amigo L. viu um documentário sobre filmes pornográficos em que aparecia a Tamara LaBuffa – então no zénite da sua carreira, antes do escândalo com os anões. Nesse documentário, a Tamara aparecia como mulher normal, que por acaso faz filmes pornográficos: aparecia de macacão a tratar do jardim, aparecia com a cara inchada por causa de um abcesso, aparecia com vestidos sem o mínimo de sensualidade, a levar os filhos à escola. Não aparecia vestida de enfermeira, nem de secretária, nem de dominatrix. O que interessa é que, depois de ver o documentário, o meu amigo perdeu a fé na Tamara. Nunca mais a conseguiu ver como a máquina do sexo que ela era. Ela podia estar a fazer dois fellatios tecnicamente perfeitos a negros, que ele nem reagia. “Ná... Ela já não me convence...” Podia estar a ser o centro das atenções num gang-bang com Sue Piston e Molly Tight – o que, para quem as conhece, é um feito! – mas ele nem reparava nela. Ela nunca mais o convenceu.
Foi isto que se passou com o JMF. O Juiz até pode ser muito bom, mas desde que o viu de ténis, JMF já não consegue ver um juiz, só um homem normal.
Percebo o JMF. Já se sabia que ele dá uma importância inusitada à indumentária. Afinal, é jornalista mas, se virmos bem, veste-se como a maioria dos políticos: maus fatos, más camisas e más gravatas. Por isso é que eu, quando leio os seus editoriais, acho que ele não está a fazer jornalismo, está a tentar fazer política. ZDQ

posted by Gato 6:28 da tarde

PARA TI, FIGO: Depois do poema de incentivo para o Mundial e da carta que lhe escreveu a propósito do penalty falhado contra a Juventus, Manuel Alegre continua a dedicar boa parte da sua obra literária a Luís Figo. Hoje, na casa de Madrid, Figo perdeu as chaves do seu automóvel. A propósito deste transtorno, Manuel Alegre escreveu alguns versos de apoio e consolo, que já enviou ao futebolista. O Gato Fedorento publica-os em exclusivo:

Figo, que fintas na bruma
E pões a bola nas redes:
Não é vergonha nenhuma
Perder as chaves do Mercedes

Sei que tens o orgulho ferido
E ferida a alma, mas vê lá
Se acaso não terão caído
Por entre as almofadas do sofá.
RAP
posted by Gato 5:53 da tarde

O PIAÇABA: Maus hábitos alimentares fizeram-me passar mais tempo na casa de banho do que é aconselhável. Oportunidade para reflectir sobre uma data de coisas. A mais premente: para que é que serve o piaçaba? É impressão minha ou é o utensílio de limpeza mais estúpido de sempre? "Ó meu Deus, temos cocó na pia! Já sei, vou tirá-lo com o piaçaba e GUARDÁ-LO NUM RECEPIENTE AO LADO DA SANITA!" ZDQ
posted by Gato 1:19 da tarde

GLOBOS DE OURO Mais uma edição dos Globos de Ouro da SIC. Pessoalmente, prefiro os Globos de Ouro da TVI. Quais? Aqueles que estão na "Ana e os 7", dentro do sutiã da Alexandra Lencastre. ZDQ
posted by Gato 1:15 da tarde

sexta-feira, maio 30, 2003

CONFISSÕES DE UM HUMORISTA: Este é o título de um conto muito engraçado, da autoria de O. Henry. Nele se relata a história de um humorista de nome John que, a certa altura, perdeu a espontaneidade. Faltou-lhe o assunto.

Dei comigo à coca a ver se apanhava ideias disponíveis nas conversas de amigos (...) Ansioso, desvairado, ávido, eu era, no meio deles, um autêntico desmancha-prazeres. Era só cair-lhes da boca um dito inteligente, uma comparação espirituosa, uma frase mordaz e eu saltava como um cão a apanhar o osso (...) Os amigos olhava-me com pena e pasmo. Não era o mesmo homem. Onde outrora lhe fornecera entretenimento e alegria, agora caía-lhes em cima como ave de rapina. De mim já não levavam gracinhas só pelos sorrisos deles. Eram demasiado preciosas. Não me podia dar ao luxo de oferecer gratuitamente os meios da minha subsistência. Era uma raposa lúgubre louvando o canto dos meus amigos corvos para que deixassem cair dos bicos os pedaços de humor que eu cobiçava (...) A minha própria casa passou a ser terreno de caça. A minha mulher é uma criatura muitíssimo feminina, cândida, simpática e impulsiva. No passado, deliciava-me conversar com ela e as suas ideias eram fonte de prazer constante. Agora explorava-a. Era uma mina de ouro dessas contradições engraçadas e amorosas que distinguem a mente feminina (...) A seguir, enterrei fundo as presas nos ditos fugidios dos meus pequeninos (...) Uma vez, quando estava sem ideias nenhumas e tinha que enviar o texto pelo correio seguinte, cobri-me de folhas caídas no jardim, onde sabia que vinham brincar. Não posso acreditar que o Guy soubesse do meu esconderijo, mas mesmo que soubesse, detestaria ter que o censurar por deitar fogo às folhas, causando a destruição do meu fato novo, e quase cremando um progenitor (...) Não tinha amigos, nem gozava a vida. Sacrificara a felicidade da minha família. Era uma abelha, sugando mel sórdido das mais belas flores da vida, temido e ostracizado por causa do meu ferrão.

Estava John mergulhado neste estado de espírito pouco simpático, quando surge a salvação.

Um dia, um homem falou comigo, com um sorriso amável e simpático. Há meses que tal não me acontecia. Passava eu no estabelecimento funerário de Peter Heffelbower. Peter estava à porta e cumprimentou-me. Parei, com o coração estranhamente apertado pelo cumprimento dele. Convidou-me a entrar (...) De repente, senti-me tomado de um sentimento novo – uma calma maravilhosa, uma satisfação, e olhei em volta. Havia filas de caixões de roseira brilhantes, panos mortuários, tripeças, plumas de essa, flâmulas negras, e toda a parafernália do solene ofício. Aqui havia paz, ordem, silêncio, era o lugar próprio das reflexões graves e dignas. Aqui, à beira da vida, havia um nichozinho dominado pelo espírito do eterno descanso (...) Há um quarto de hora, eu era um humorista abandonado. Agora, era um filósofo, cheio de serenidade e à-vontade. Encontrara onde me refugiar do humor, da ardente perseguição do tímido motejo, da caça degradante à piada arquejante, da inquieta busca da resposta pronta (...) Não conhecia bem Heffelbower. Quando ele voltou, deixei-o falar, temendo que pudesse ser uma nota dissonante na doce harmonia de hino fúnebre do seu estabelecimento.
Mas não. Estava em harmonia. Dei um longo suspiro de felicidade. Nunca encontrara conversa de homem mais magnificamente maçadora do que a de Peter. Comparada com ela, o mar Morto é um géiser. Nunca centelha ou vislumbre de graça lhe prejudicavam as palavras. Lugares-comuns, banais e abundantes como as amoras, fluíam-lhe dos lábios, causando tanta agitação como as notícias da semana passada. Um pouco trémulo, experimentei nele um dos meus ditos mais afiados. Caiu ali mesmo, sem efeito, a ponta quebrada. Passei a adorar o homem.


É reconfortante saber que, quando faltar o assunto ao Gato Fedorento, quando a espontaneidade tiver há muito desaparecido, já descobrimos o nosso Peter Heffelbower, o nosso cangalheiro: o Nelson de Matos. TD

posted by Gato 2:23 da manhã

quinta-feira, maio 29, 2003

SE O ARREPENDIMENTO MATASSE: A propósito da abertura da Feira do Livro, o Gato Fedorento convidou a Alexandra Solnado para entabular estimulantes conversas com individualidades que já faleceram e que estiveram, de alguma forma, ligadas à literatura. Hoje, a Alexandra relatou-nos uma conversa com Gutemberg, que, às tantas, confessa: “Olha, Xana: se eu soubesse que, um dia, a Margarida Rebelo Pinto ia editar livros, nunca tinha cometido aquela estupidez de inventar a imprensa”. MG
posted by Gato 10:17 da tarde

AVISO À NAVEGAÇÃO NA NET: As investigações no caso Casa Pia chegaram à blogoesfera e, com elas, as inevitáveis escutas. Eu não queria acreditar nos meus olhos, mas aparentemente há um blog com transcrições do que vai sendo dito na blogoesfera, e com um nome esclarecedor: Posto de Escuta. A partir de agora, vamos passar a ter mais cuidado com o que escrevemos. MG
posted by Gato 1:52 da manhã

ALGUÉM DÊ UM MAPA AO MINISTRO: Paulo Portas vai mesmo ter que ir ao Tribunal de Monsanto depor de viva voz, no caso Moderna. Não sei bem porquê, mas algo me diz que esta é a primeira vez que o Ministro da Defesa vai passar ali pela zona do Monsanto. MG
posted by Gato 1:35 da manhã

quarta-feira, maio 28, 2003

ESCLARECIMENTO JURÍDICO: Há duas razões básicas para chamarmos escutas à captação de chamadas telefónicas no âmbito do caso Casa Pia: primeiro, porque se está a escutar o que os suspeitos dizem; segundo, porque a maior parte das conversas captadas é sobre escuteiros. MG
posted by Gato 6:20 da tarde

O OUTRO NOME: Manuel Monteiro decidiu-se por Nova Democracia. Mas ouvi dizer que o outro nome que esteve em cima da mesa era Novo Estado. MG
posted by Gato 6:10 da tarde

PICUINHICES: Só hoje passei os olhos pela capa do Público de ontem, mas valeu a pena: “O Presidente da República enviou ontem o Código do Trabalho e Lei dos Partidos Políticos para o Tribunal Constitucional para que este afira da constitucionalidade destes diplomas. O CDS dispara contra a decisão e diz que as reformas do Governo não podem estar reféns da Constituição que consideram desfasada da actual sociedade portuguesa.” Marquem na vossa agenda: “dia 27 de Maio de 2003, dia em que o CDS começou a perceber que convém que as leis sejam constitucionais”. MG
posted by Gato 6:04 da tarde

terça-feira, maio 27, 2003

CONVERSA EM VOZ BAIXA: Nelson de Matos queixa-se de que fizemos uma barulheira a propósito da discussão que mantivemos com ele. Além disso, volta a dizer que confundimos “o humor com os textos do Herman José.” Já tinha dito, num texto que apagou posteriormente, que “o sentido de humor não é o Herman José”. A minha opinião é esta: o humor não se esgota nos textos do Herman. Além do humor do Herman há vários outros tipos de humor, todos diferentes entre si. Mas os textos do Herman são textos de humor. Elevemos, pois, o nível do debate e baixemos o tom de voz.
Posto isto, Nelson, diga-nos então: o que é, para si, o humor? E porque é que os textos do Herman não são humorísticos?
Um facto a ter em conta neste novo e cordato debate, pois pode fornecer uma indicação preciosa sobre o que é, para Nelson de Matos, o humor: a D. Quixote, editora que dirige, publicou há pouco tempo a obra “Vai Uma Queca?”, o mais recente trabalho do escritor Miguel Dias. O livro foi editado na colecção “Temas de Hoje – Humor”. RAP
posted by Gato 10:31 da tarde

PAREM DE DIZER QUE DIZEM: Sou só eu, ou o caro leitor também se sente ligeiramente agastado cada vez que um pivot de telejornal inicia a leitura de uma notícia com “Digo-lhe, agora, que...”? E nós a julgarmos que ele estava só a pensar em dizer, daí a dez minutos, que. Afinal, não. Ele está mesmo a dizer agora que. Ninguém me tira da cabeça que os telejornais, hoje em dia, passaram da meia hora de duração para a fastidiosa hora e meia, exclusivamente à conta dos quinhentos e tal “digo-lhe agora que” que polvilham todo o noticiário. E o tipo que traduz as notícias para a linguagem gestual? Será que também ele está a dizer “Gesticulo-lhe, agora, que...”? E a actriz do Canal 18? Será que diz “Solto, agora, gritinhos que pretendem expressar sensações extremamente agradáveis, provenientes da minha concorrida genitália”?MG
posted by Gato 10:17 da tarde

OLHA EU: Durante os últimos cinco anos, boa parte da minha vida profissional foi passada a escrever textos humorísticos para Herman José. Fiz boas piadas (a modéstia é para os vaidosos). Também fiz más piadas, inevitavelmente. Nunca apareci na televisão, nem por um motivo nem por outro. Depois do Herman ter sido intimado para prestar declarações em tribunal no âmbito do processo da Casa Pia, a SIC fez uma reportagem sobre isso. Lá apareço eu, quatro ou cinco vezes, ao lado do artista, numa gravação das crónicas da rádio. Deus, se existe, está a gozar comigo. E tem graça, o velhote. RAP
posted by Gato 9:26 da tarde

GATO FEDORENTO K.O.: [Nélson de Matos escreveu - e, posteriormente, apagou - a seguinte frase sobre alguns posts do Gato Fedorento: “Tantas palavras para tão poucas ideias, diria o meu velho amigo Vergílio Ferreira, se ainda cá estivesse para nos ajudar a compreender as coisas”]. Inesperadamente, Vergílio Ferreira colocou-se do lado de Nélson de Matos, na polémica que temos vindo a manter com o sisudo editor. Como somos todos leitores fervorosos do Vergílio, estamos desolados. Por outro lado, ainda não perdemos a esperança de que ele ainda mude de opinião. MG

posted by Gato 1:24 da tarde

FAZ-TE À VIDA, NEO!: No filme Matrix Reloaded, o herói, Neo, consegue voar tipo Super-Homem (antes daquela chatice da cadeira de rodas, claro). Ora, se o Neo voa tão bem, porque é que perde tanto tempo em intermináveis e inconsequentes cenas de porrada com os múltiplos Agentes Smith? Tá mas é sossegado, Neo! Voa daí para fora, homem! TD
posted by Gato 11:52 da manhã

PATROCÍNIO SANTAL RAD 2: Idem para Possidónio Cachapa, que faz o mesmo aqui. RAP
posted by Gato 11:09 da manhã

PATROCÍNIO SANTAL RAD: N’ A Coluna Infame, lê-se isto:

A QUEM O DIZES: O Ricardo descobriu que os editores portugueses não têm sentido de humor. Ó Ricardo, podias ter-me perguntado que eu tinha-te dito isso com abundante conhecimento de causa. Tens o meu número, não tens? Liga-me, rapaz. Os amigos são para as ocasiões.

Assina Pedro Mexia. Toda a vida do Pedro (profissional e não só) tem a ver com o meio literário. Um meio em que, dada a sua pequenez, é desaconselhável fazer ondas. Ainda assim, o Pedro, que podia ter ignorado (ou fingido ignorar) este assunto, resolveu juntar-se a nós e apontar também a confragedora sisudez de alguém que, mais cedo do que tarde, irá encontrar num lançamento, num colóquio, num debate. Sacana do poeta tem tomates. RAP

posted by Gato 11:07 da manhã

FINALMENTE, CHINQUILHO EM DIRECTO! YESSS!: Acabo de ler que a TV Cabo vai avançar com um novo canal, a SporTV2. A SporTV2? Quer dizer, se na SporTV original, que eu suponho ser o canal de desporto para o grande público, podemos já assistir ao emocionante 2º Triatlo de Quarteira ou à electrizante Samsung Nations Cup em Hipismo ou mesmo a um jogo de basquetebol de tirar o fôlego como é o clássico Seixal/Oliveirense, que eventos desportivos de grande impacto nos reserva a SporTV2? O torneio de chinquilho das Galinheiras? O campeonato de sueca do jardim do Campo Grande? Fico a aguardar com grande expectativa! TD

posted by Gato 12:22 da manhã

segunda-feira, maio 26, 2003

E AGORA, SENHOR MINISTRO?: O Ministro da Saúde alterou a portaria que regula o transporte de doentes, proibindo os taxistas de o fazer. E a minha questão é a seguinte: e agora, senhor Ministro? De cada vez que eu tiver de apanhar um táxi no aeroporto como é que vai ser? O senhor providencia uma ambulância para seguir logo atrás? Sim, porque é certinho que ainda não chegámos à Segunda Circular e já eu vou doente de aturar o taxista a refilar, só porque não lhe disse que ia para o Marquês de Pombal mas que tinha imenso gosto de, pelo caminho, ficar a conhecer Sintra e Cascais. TD
posted by Gato 11:51 da tarde

ÍNDICE DE POPULARIDADE: Menos de 24 horas depois do oportuno balanço de um mês de actividade do Gato Fedorento feito pelo MG, aqui fica uma actualização do nosso índice de popularidade. Neste preciso momento temos tantos amigos na blogosfera como o Francisco Assis em Felgueiras! Nada mau. Mas claro que não queremos ficar por aqui. Não descansamos enquanto o Gato Fedorento não for tão popular como o filho homossexual, pacifista e escudo humano junto do seu pai, general do exército norte-americano. TD
posted by Gato 11:26 da tarde

A COMO É QUE ESTÁ O COPY/PASTE?: Gostava imenso que Luís Delgado fosse acometido de um ataque de icterícia. Quem não gostava?, perguntará o leitor. Concedo que a aspiração é vulgar. Mas eu anseio por ver o Luís Delgado com a pele amarela para demonstrar que é essa a única característica que o separa de um boneco dos Simpsons. Investi tempo e trabalho nesta tese, e gostava de a ver confirmada antes de morrer: para mim, Luís Delgado e Waylon Smithers são uma e a mesma pessoa.
Luís Delgado é, aliás, um dos meus temas de conversa preferidos. Posso dizer que sou um estudioso do homem e da obra. Se me permitem, quero deixar aqui um subsídio para uma futura biografia que, espero, não tarde.
Delgado inaugurou no nosso país uma técnica especial de escrever artigos de opinião que consiste em citar na sua crónica grossos nacos das crónicas de outros, e depois assinar. Vimos como o fez na altura de um arremedo de polémica que travou, no DN, com Prado Coelho. Convido-os agora a verem o que fez na coluna que mantém no Diário Digital. Sob o título “A Clara diz tudo!”, Delgado escreve uma crónica de cinco parágrafos. Um é seu, os outros quatro são de Clara Ferreira Alves. E o que é giro é isto: onde está a crónica da Clara que Delgado cita abundantemente? Noutro site? Num livro? Num jornal que Delgado teme que não tenha sido lido pelos seus leitores? Não. Está também no Diário Digital. O link para a crónica da Clara fica meio centímetro abaixo da de Luís Delgado. Ou seja, o leitor do Diário Digital pode escolher entre a crónica de Clara Ferreira Alves ou o resumo alargado dos melhores trechos da crónica de Clara Ferreira Alves, seleccionados por Delgado. Que luxo.
Lanço só uma questão: quanto pagam os jornais (digitais e em papel) pelos best of de Luís Delgado? A como é que está o copy/paste, hoje em dia? RAP
posted by Gato 10:52 da tarde

E QUEM NÃO SALTA, É DA PGR! A jornalista pergunta a Souto Moura se Herman José é suspeito no processo da Casa Pia. Qual presidente de clube, inquirido sobre um novo reforço para a equipa, Souto Moura deixa escapar um lacónico “pode ser”. O futebol está em todo o lado. ZDQ
posted by Gato 7:22 da tarde

CLUBE DOS SUPLEMENTOS MORTOS: O Independente comemorou esta semana 15 anos de vida fazendo nascer dois novos suplementos: um “dedicado à cultura, ao humor e a trabalhos de fundo” e outro dedicado à economia. Aliás, o lema do aniversário d’ O Independente podia ser: “15 anos, 657.284 suplementos.” Periodicamente, o jornal lança encartes que, cinco ou seis semanas depois, fracassam colossalmente e deixam de ser publicados. No próximo mês e meio, vamos poder ler o Economia e o Indígena. É aproveitar, enquanto não acabam. RAP
posted by Gato 2:16 da tarde

SOBRE O HUMOR 2: Haverá poucas questões mais importantes que a da liberdade de expressão, numa sociedade democrática. Mas as pessoas de que falei (num post anterior com o mesmo título) ficam de tal forma incomodadas com a possibilidade do riso que usam uma estratégia antiga para diminuir a sua importância. Dizem: “há questões mais importantes”. Haverá. Esta é, aliás, uma estratégia que leva a que nada se discuta séria e livremente. Porque há sempre uma questão mais importante a ser discutida. E, se não houver, as pessoas a quem as discussões não interessam têm um talento especial para as inventar.
Prosseguindo sem fazer caso dos censores de pacotilha, qual é, então, a importância do humor? Pensemos na literatura. É rara a grande obra literária em que o humor não desempenhe um papel fundamental. É o que acontece, por exemplo, no Quixote (Bertrand), no Tristram Shandy (Antígona), na Recherche (Livros do Brasil). A lista é longa e notável. Porque a literatura não é a Rita Ferro... Voltarei a este assunto. RAP
posted by Gato 10:23 da manhã

BALANÇO: O Gato Fedorento tem apenas um mês de vida e já proporcionou momentos de raro azedume na blogoesfera. É só fazer amigos. Não é por acaso que o mote do Gato Fedorento (ou, pelo menos, daqueles de nós que são ateus) é: “Tudo ao molho e fé no big bang”. MG
posted by Gato 2:12 da manhã

O NOME DA LÍDIA: Respeito muito Nélson de Matos e a editora que dirige, cuja única prova de mau gosto foi ter editado o livro de crónicas humorísticas sobre futebol que escrevi em co-autoria com o RAP. Mas Nélson de Matos escreveu a seguinte frase, a propósito deste blog: “Há quem considere que se deva fazer graçolas a propósito de tudo”. Nélson, fico contente por finalmente ter percebido o espírito do Gato Fedorento, em particular, e o objectivo do humor, em geral. Recordo-lhe as últimas palavras de Oscar Wilde, proferidas enquanto jazia no seu leito de morte. Disse “Ó Morte, que chamas por mim! Que sentido possui a existência, se, a partir do momento em que vimos ao mundo, temos a consciência de que o fim se aproxima inexoravelmente!”? Não. Limitou-se a olhar para o papel de parede, com um padrão e cor de gosto duvidoso, e disse: “One of us has to go.” Uma graçola sobre papéis de parede? Antes do último suspiro? Pois é. Chama-se a isso sentido de humor. Tudo serve de pretexto. Coisas insignificantes (como é, para nós, o título de um livro) ou matérias sensíveis (como é, para Nélson de Matos, o título de um livro). Infelizmente, não foi a Dom Quixote que publicou em Portugal “O Nome da Rosa” de Umberto Eco. É pena. É que uma das personagens do livro, Jorge de Burgos (sim, é o invisual beatorro que assassina quem quer que folheie o segundo volume da Poética de Aristóteles, que faz a apologia do riso e das suas virtudes) tem pontos de vista muito semelhantes: “Mas se alguém um dia, agitando as palavras do Filósofo, e portanto falando como filósofo, levasse a arte do riso à condição de arma subtil, se à retórica da convicção se substituísse a retórica da irrisão, se à tópica da paciente e salvífica construção das imagens da redenção se substituísse a tópica da impaciente demolição e do desvirtuamento de todas as imagens mais santas e veneráveis... oh, nesse dia também tu e toda a tua sapiência, Guilherme, seríeis arrasados!" (pág. 450, colecção Mil Folhas). Como se vê a inquietação é similar à de Nélson de Matos. Graçolas sobre tudo? Cruz Credo! Há campos (como o campo literário) que são sagrados! Não há nada a fazer. Portugal ainda tem muito do pensamento teológico do séc. XIV. Toda a gente gosta muito de rir, desde que seja do vizinho do lado. Toda a gente aprecia uma boa piada. Mas o político não gosta de piadas sobre política (se bem que tenham a inteligência de mostrar o contrário). O músico não gosta de piadas sobre música. Os actores não gostam de piadas sobre actores. E, pelos vistos, os editores não gostam de piadas sobre livros, mesmo quando se trata de uma piada inocente a propósito do título de uma obra. Caro Nélson de Matos, quero apresentar-lhe alguém. Nélson, este é o sentido de humor. Sentido de humor, este é o Nélson. Let’s mingle! MG
posted by Gato 2:07 da manhã

LER NAS ENTRELINHAS (NOTA: Este post vem explicadinho, para que não haja ninguém a fazer a interpretação literal do que se escreve).
Sobre a mini-polémica entre o Nelson de Matos e o RAP, gostaria de contribuir com alguma lenha para a fogueira – quer dizer, não é lenha, são mais argumentos, até porque isto não é uma fogueira, nem ninguém sai queimado daqui. Quando o Nelson diz, a propósito do Ricardo, que “há quem considere que se deva fazer graçolas a propósito de tudo”, acho que era mais acertado dizer “há quem considere que se possa fazer graçolas a propósito de tudo”. No fundo, é a mesma coisa que, em vez de dizer “há quem considere que se deva escrever livros a propósito de tudo”, dizer “há quem considere que se possa escrever livros a propósito de tudo”. O Nelson não acha que se deve escrever livros sobre todo e qualquer assunto. Não se pode obrigar alguém a fazê-lo. Por outro lado, como editor, o Nelson com certeza acha que se podem escrever livros sobre todo e qualquer assunto. As pessoas são livres de o fazer. O Nelson é livre de os publicar. No humor e na literatura não existem vacas sagradas – quer dizer, até porque o humor e a literatura não são pastos, logo, não existem vacas. Há quem defenda que existem porcos (mais no humor) mas mesmo isso não está provado
Não conheço o Nelson de Matos mas conheço o Ricardo como a palma da minha mão – quer dizer, não é como a palma da minha mão, porque a palma da mão não é uma pessoa que se possa conhecer, embora, curiosamente, seja com um esfregar de palmas das mãos que as pessoas se conhecem – e sei que, quando ele diz que “(...) mesmo tendo o sentido de humor de um tijolo (...)” não está a dizer que alguém em especial se ri (ou chora) como um tijolo o faria – quer dizer, até porque, como todos sabemos, a maior parte dos tijolos, não sendo humanos, não tem capacidade para se emocionar. Estava a brincar! TODOS os tijolos! Estava a brincar. A sério.
Parece-me que este exercício de diálogo livre – quer dizer, diálogo livre não, porque o diálogo não pode ser preso, mesmo cometendo um crime– corre o risco de levar as pessoas a perder as estribeiras – quer dizer, a perder as estribeiras não, uma vez que nem o Nelson nem o Ricardo são coches – e que os dois deviam colocar uma pedra sobre o assunto – quer dizer, colocar uma pedra é difícil, porque isto é um computador e o único efeito que teria era ficar com um bibelot foleiro – e fumar o cachimbo da paz – quer dizer, fumar não, até porque o Ricardo não fuma e, mesmo que fumasse, era complicado estar a fumar com o Nelson, porque não estão os dois no mesmo sítio e se, suponhamos, ele fumasse em casa e depois lhe fosse entregar o tal cachimbo, entretanto apagava-se.
Assim, quando eu sugiro ao Nelson de Matos para ler nas entrelinhas à procura de ironia, não estou, como ele evidentemente já entendeu, a dizer que encoste o nariz ao ecrã para ver melhor. ZDQ

posted by Gato 1:05 da manhã

SOBRE O HUMOR: Nelson de Matos, involuntariamente, deu o pontapé de saída para um debate que me interessa muitíssimo. Fê-lo quando escreveu isto: “Há quem considere que se deva fazer graçolas a propósito de tudo.” Esta frase é preciosa pelo que deixa subentendido: assim como há quem considere que se deve fazer graçolas a propósito de tudo, há quem considere que não se deve fazer graçolas a propósito de tudo. Este segundo grupo de pessoas (a que Nelson de Matos, claramente, pertence) acaba sempre por delimitar um conjunto de temas acerca dos quais não tolera que se faça humor. Segundo a minha experiência, na maior parte das vezes os temas intocáveis, para essas pessoas, são estes: Deus, a morte, o poder, a pátria, a religião, o clube de futebol da sua preferência, o sexo, a família, o partido político da sua preferência, Salazar e os títulos dos livros que editam.
Eu incluo-me sem reservas no primeiro grupo. Acho que se pode e deve fazer humor a propósito de tudo. Discordo em absoluto da mentalidade do “respeitinho” que diz: “Não se brinca com coisas sérias.” Para mim, é ao contrário: se brinca com coisas sérias. Primeiro, porque com as coisas que não são sérias não faz sentido brincar: elas já são a brincar. Segundo, porque creio que uma das virtudes do humor (e uma das mais importantes, aliás) é esta: retirar peso às coisas sérias. Torná-las mais leves, mais fáceis de entender e suportar e – por isso – mais humanas.
Voltarei a este assunto. RAP
posted by Gato 12:15 da manhã

domingo, maio 25, 2003

PORQUE É QUE EU AMO PORTUGAL: Hoje à tarde assisti a uma cena interessante. Estava à janela do meu quarto e vejo um jovem (alguns 15 anos) a descer a minha rua. Encostado à parede, debaixo da minha janela, estava um grupo de jovens pretos (uns cinco ou seis, entre 15 e 20 anos). Quando os viu, o jovem atravessou a rua, continuando desse lado o seu caminho. Eis senão quando os pretos começam a cantar rap. Nessa altura, o jovem voltou a atravessar a rua para o lado de cá e posso jurar que o vi pedir autógrafos. ZDQ
posted by Gato 11:35 da tarde

PORQUE É QUE EU AMO A AMÉRICA: Para fazer uma uma cena do Matrix Reloaded, os irmãos que realizaram o filme (não me lembro do nome nem me apetece ir procurar) construíram um troço de auto-estrada com 2,5 km. Cá em Portugal, para se fazer a auto-estrada do Algarve, foi o filme que se viu. Aposto que se tivessem sido eles a realizar a "Jangada de Pedra", tinham separado mesmo a Península Ibérica. Por estas e por outras é que eu amo a América. ZDQ
posted by Gato 11:21 da tarde

BOOOOOORING: Caro leitor, tenha a bondade de passar ao próximo post, que é muito engraçado. Este é outra vez sobre Nelson Rodrigues. Obrigado.

O meu amigo não-socialista Pedro Lomba diz que seguiu com atenção o que fui escrevendo sobre Nelson Rodrigues, mas que não percebe onde eu quero chegar. Ora, bastava ter seguido com atenção o que Pedro Mexia tem escrito sobre Nelson Rodrigues, nomeadamente quando disse “quanto a uma suposta proximidade do Nelson à ditadura militar, lamento dizer que estás mal informado”, para saber onde eu queria chegar: queria só mostrar que não estava mal informado. Não gosto que me digam que sou um tonto que não sabe do que fala. (Infelizmente, acontece-me muitas vezes.)
Agora, sobre a resposta de Pedro Mexia:

Ponto prévio nº 1: Quem me conhece sabe que sou um palhaço. Quem não me conhece pode comprová-lo facilmente. Basta sintonizar a SIC Radical, hoje, entre as 23h50 e as 0H05, mais ou menos, ou fazer o mesmo na próxima quarta-feira, à mesma hora. Há-de aparecer um idiota com sotaque de matarruano dizendo que se chama Aniceto Barbosa. Sou eu.

Ponto prévio nº 2: Ser um palhaço é, portanto, um traço dominante da minha personalidade, o que me traz, como calculam, consequências agradáveis e desagradáveis. As agradáveis são estas: um palhaço não cilindra, sova, atropela, estilhaça, nem arrasa, como diz o Pedro que lhe fiz. Muito menos humilha alguém, excepto a si próprio (ver ponto prévio nº 1). Menos ainda humilhará alguém que conhece e de quem é amigo, como é o caso. Eu não fiz nada disso.

Ponto prévio nº 3: Sempre que comparo o Pedro ao Ministro da Informação do Iraque ou lhe recomendo que telefone para casa de Nelson Rodrigues Filho a descompô-lo estou, evidentemente, a brincar. O humor é um mecanismo de defesa como outro qualquer e eu uso-o desde criança. Nunca me deixou ficar mal.

Ponto prévio nº 4: Não tenho sorte nenhuma com os Nelsons.

Vamos a isto. Que dizes desta vez, Pedro?
1. Dizes que nunca ninguém tinha sugerido que tu criticavas livros que nem sequer tinhas lido. Atenção, porque isto é muito grave. O que eu disse foi: “devias ler os livros que recomendas.” Nunca disse que não lês os livros que criticas. Leio-te e conheço-te, o que faz com que essa ideia nem sequer me passe pela cabeça.
2. Dizes: “O Ricardo não tinha lido o livro, mas achava que era uma «hagiografia», apenas porque eu o referia como um bom livro.” Não é assim, evidentemente. Eu não tinha lido o livo mas achava que era uma hagiografia porque tu afirmavas que, quem o lesse, saberia que Nelson Rodrigues não tinha apoiado a ditadura. Biografia que omita um pormenor dessa importância, é uma hagiografia. Se me mostrarem uma biografia do Paul Éluard que oculte o facto de ele ter sido estalinista, qualifico-a da mesma forma, pelo mesmo motivo, também sem a ler. Creio que farás o mesmo.
3. Dizes que parei de citar cedo demais. Faltava isto: “Apoio que, na verdade, sofrera um profundo abalo desde Abril de 1972, quando se convencera da existência das torturas. O simples reconhecimento por Nelson Rodrigues de que o regime havia torturado denunciava o excremento que se tentara varrer para debaixo da bandeira.” Tens razão. Se tivesse lido tudo com mais vagar e atenção, teria citado até aqui porque, até certo ponto, acho esta frase ainda mais grave que a que citei. A ditadura começou em 64. Nelson Rodrigues apoiou-a até 72 (oito anos), data em que descobre que o seu filho está a ser torturado na cadeia. Assim que Nelson Rodrigues descobre este facto que, durante anos, foi provavelmente o único brasileiro a ignorar, que faz? Que diz Ruy Castro? Que o apoio termina? Não. Apenas sofre “um profundo abalo”. Dizer que Nelson Rodrigues não era apoiante da ditadura, é inaceitável. Como Ruy Castro diz, e bem, o escritor não só nunca escondeu o seu apoio ao regime como fazia gala em enxovalhar os opositores da ditadura. Foi o que fez, por exemplo, com D. Hélder Câmara, o bispo que participava nas manifestações contra a ditadura e que, por ter esse comportamento tão criticável, mereceu de Nelson Rodrigues o epíteto jocoso de “padre de passeata” (que se transformou, como sabes, num dos mais famosos estribilhos do escritor).
4. Dizes que Nelson Rodrigues teve vários problemas com a censura. É verdade. Porém, quando dizemos “problemas com a censura”, pensamos no caso português e imaginamos perseguições e cadeia. Não era esse o caso. Os problemas que teve com a censura não tinham motivações políticas, mas morais. Eram reparos do tipo: “A sua peça tem demasiados incestos.” Mais uma vez, não deixa de ser curioso que Nelson Rodrigues tenha tido todos esses problemas com a censura e, apesar disso, nunca tenha escondido o seu apoio ao regime (pelo menos até 72). Para um amante da liberdade, não está mal. Já sei, já sei: ele preferia a censura dos militares à censura de um hipotético regime comunista que hipoteticamente se poderia instalar no Brasil.
5. Trazes outra vez à baila as minhas opções ideológicas. Ainda não é desta que te respondo a isso – por questões de tempo, apenas. RAP

posted by Gato 7:15 da tarde

MEU DEUS: O editor de "Vai Uma Queca?", a mais recente obra de Miguel Dias, volta a atacar:

Ricardo Araújo Pereira ficou incomodado com o que aqui escrevi acerca de um post do Gato Fedorento sobre um romance de Lídia Jorge. Diz que era apenas uma "graçola completamente inocente".
Admite-se. Há quem considere que se deva fazer graçolas a propósito de tudo.
Diz também que a sua "graçola" não poderia ser confundida com uma recensão literária, coisa que evidentemente eu já tinha entendido.
Depois faz-me uma "ameaça".
E mistura na conversa o seu trabalho pessoal com a editora.
Que não estava em causa, nem vinha a propósito.
Pensava eu que esta coisa dos blogs servia para dialogarmos ou, para alguns, para aprenderem o exercício do diálogo livre.


Ou seja, desta vez, Nelson de Matos transforma uma ironia numa "ameaça". E, depois de ter sugerido que eu deixasse de escrever, para esconder a minha tolice e ignorância, tornando assim o mundo mais higiénico, recomenda agora que eu aprenda o exercício do diálogo livre. Corrijam-me se estiver enganado mas parece-me que, se eu seguir a directiva de Nelson de Matos e deixar de escrever, não só se acaba o diálogo livre como se acaba, pura e simplesmente, o diálogo. Mais uma vez: extraordinário. RAP
posted by Gato 6:23 da tarde

E AGORA A CEREJA: No dia 23 de Abril, fui convidado para fazer stand-up comedy na festa de aniversário de uma editora. Pediram-me que dissesse umas piadas sobre livros e o meio literário português. Assim fiz. A editora – segurem-se – era a D. Quixote. Quem me apresentou ao público que estava presente no Lux foi – preparem-se – Nelson de Matos. No final, alguns escritores vieram dar-me os parabéns. Um deles foi – cuidado, é chocante – Lídia Jorge. Eu metera-me com ela durante a minha actuação... RAP
posted by Gato 4:35 da tarde

EXTRAORDINÁRIO: Há uns dias, fiz aqui uma piada a pretexto de um livro de Lídia Jorge. Uma graçola completamente inocente, diga-se, e que em nada belisca a qualidade da escrita da autora nem do critério do editor. Sugiro que confirmem isto com os vossos próprios olhos e julguem se há alguma hipótese de alguém, mesmo tendo o sentido de humor de um tijolo, poder confundir aquela brincadeira inócua com uma recensão crítica. O post chama-se "O DMITRI ASSOBIANDO NAS GRUAS".
Já lá foram? Muito bem. Hoje, diz Nelson de Matos no seu blog:

Reparei hoje que o blog Gato Fedorento se refere ao romance de Lídia Jorge “O Vento Assobiando nas Gruas” (a que acaba de ser atribuido o Grande Prémio de Romance da APE) de um modo absolutamente tonto. Há pessoas que, ao menos, deviam fazer um esforço para esconder a sua tolice e ignorância. Sempre tornavam o mundo mais higiénico. Escrevem - porquê? se afinal não sabem ler.

E agora uma coisa engraçada: no ano passado publiquei um livro humorístico, também ele provavelmente tonto, tolo e ignorante. Vai na quarta edição. A editora é uma tal D. Quixote. Tentarei não voltar a fazê-lo, Nelson. É preciso tornar o mundo mais higiénico, que raio. RAP
posted by Gato 4:19 da tarde

ASSIM TUDO BEM, RTP: De manhã, questionei se faria sentido voltar a instituir a taxa de televisão para pagarmos o tipo de programação que temos. À noite, demorei a recompor-me da bofetada de luva branca que a RTP me deu: como é que este país podia passar sem esse verdadeiro serviço público que é o Festival Eurovisão da Canção? Então se me trouxerem de volta os Jogos Sem Fronteiras – comentados pelo Eládio Clímaco, claro – dou até 50 € por mês! TD
posted by Gato 4:15 da tarde

WELCOME TO THE REAL WORLD: É impressão minha ou é extremamente irónico que a temática da trilogia Matrix seja a de um mundo em que os seres humanos são totalmente controlados por máquinas. É que, agora que estreou o Matrix Reloaded, não vai haver adolescente que queira ser cool, velhinho que queira parecer moderno e homossexual que aprecie imenso o Keanu Reeves, que não vá ver o filme. Ou seja, por este mundo fora, não vai haver ninguém que consiga escapar a esta diabólica máquina de marketing, que nos encaminhará para a sala de cinema mais próxima qual carneirada. Ainda se lembram qual era a história do Matrix? Pois é. Só mesmo num filme é que um gajo a quem dão a escolher entre um comprimido vermelho, com atrozes efeitos secundários, e um comprimido azul, cuja fama de proporcionar um invulgar desempenho sexual é inquestionável, opta pelo primeiro. TD
posted by Gato 3:57 da tarde

LEGALIZE, MAN! Esta história da pedofilia ainda nos vai encher mais as cadeias. É altura de se começar a pensar em despenalizar a pedofilia. Quer dizer, pelo menos o consumo. O tráfico não, claro. ZDQ
posted by Gato 1:41 da tarde

Powered by Blogger

 

Um blog com opiniões, nenhuma das quais devidamente fundamentada. Mantido por: Tiago Dores, Miguel Góis, Ricardo de Araújo Pereira e Zé Diogo Quintela. E-mail: gatofedorento@hotmail.com

Past
current