Gato Fedorento

sexta-feira, maio 09, 2003

A VERDADEIRA GAROTA DE IPANEMA: A capa do Independente de hoje traz uma fotografia da Fátima Felgueiras com o título “Garota de Ipanema”. Ora, isto até podia ter graça, se não fosse uma tremenda injustiça. Sim, porque toda a gente sabe que a verdadeira garota de Ipanema é o Padre Frederico. Algum rigor, meus senhores. TD
posted by Gato 8:03 da tarde

MOSTRA-LHES COMO É, FÁTIMA!: E ainda dizem que este país não está a andar para frente. Depois das detenções deprimentes do Vale e Azevedo e do Carlos Cruz, a Fátima Felgueiras veio demonstrar, com inquestionável categoria, que os portugueses famosos a contas com a justiça já sabem fugir para o estrangeiro em termos. Finalmente! TD
posted by Gato 7:32 da tarde

GUTERRES NUNCA SERÁ PRESIDENTE: Há uns anos li, no Expresso, uma reportagem sobre a vida do António Guterres. Guterres era, na altura, Secretário Geral do PS. Entre muita informação desnecessária – que ele foi bom aluno, que gosta de viajar, que tentou operar os beiços – encontrei uma pérola. Dizia um ex-coleguinha de liceu que o imberbe António era o único da trupe que se recusava a entrar nos concursos masturbatórios da rapaziada, preferindo recolher-se no interior da sala de aula, a ler. Não quero aqui aquilatar da pertinência dessas ocupações juvenis. Mas é importante perguntar: é isto um líder? Poderá ser Presidente? Dois Presidentes coninhas seguidos? Não creio. ZDQ
posted by Gato 7:20 da tarde

UM TÍTULO IRREALISTA: Ainda bem que as livrarias estão a dar bom destaque ao livro “Vai Uma Queca?” do escritor/actor de revista Miguel Dias. Se bem que eu tenho um pequeno reparo a fazer ao título. Olhando para a constituição física do seu autor, não será lícito concluir que o Miguel Dias tem aspecto de alguém a quem perguntaram muito mais vezes: “Vai Uma Panqueca?” MG
posted by Gato 6:24 da tarde

DO OUTRO MUNDO: O “Do outro mundo”, da SIC, voltou a ir para o ar às duas da manhã. É sempre assim: os bons programas acabam por ir parar à madrugada. Mas vale a pena a espera. Vamos aos convidados de ontem: primeiro, Raquel Broegas. Uma jovem cheia de idiossincrasias: por um lado, é estudante de Psicologia na universidade; por outro, é claramente analfabeta. Por um lado, é católica; por outro, acredita mais no seu anjo da guarda, o Bassará (julgo que é assim que se escreve. A grafia do nome do anjo não foi divulgada). Por um lado, foi anunciada pelo apresentador como sendo uma rapariga; por outro, tem maneiras e olhar de bovino. Frases memoráveis: “É assim, Deus é uma coisa que eu meto entre aspas”, “É assim, eu sou católica mas se calhar acredito num Deus feito à minha medida”, “É assim, nós somos regidos por energias positivas e negativas, tanto é que exalamos calor”.
Pelo meio, houve tempo para falar do caso de uma prostituta romena que quer casar virgem. A reportagem incluía imagens em directo de Bucareste (falsas) e era feita por um anão (verdadeiro).
O prato forte da emissão foi, no entanto, Fátima Mendes, que exerce a actividade de curandeira em Castro Verde. Deus concedeu a esta senhora o dom de curar através de uma energização que permite vivenciar o poder que está oculto nas próprias pessoas. O costume, portanto. Até aqui, nada de novo. A novidade surgiu quando Fátima Mendes revelou já ter “curado vários cancros malignos”. E passou-se uma boa meia hora a falar de “cancros malignos”. Ora, o conceito de “cancro maligno” interessa-me na medida em que se impõe como alternativa ao “cancro benigno”, que eu não tinha o gosto de conhecer. Mas é sem dúvida um cancro sobre o qual tenho vontade de saber mais. Quais serão as principais áreas de actividade de um cancro que é benigno? Ajuda o pâncreas a trabalhar? Promove a concórdia entre a vesícula biliar e o fígado, quando há desavenças? Importa investigar isto. Onde está a medicina tradicional quando precisamos dela? RAP

posted by Gato 1:38 da tarde

... JUNTA-TE A ELES: João Pereira Coutinho n’ A Coluna Infame invectiva os inimigos da globalização. Confesso que já simpatizei com a causa, mas comecei a pensar duas vezes quando, aqui há tempos, vi o seguinte anúncio num jornal: “Manifestação Anti-Globalização. Realiza-se ao mesmo tempo em Nova Iorque, Londres, Pequim, Rio de Janeiro, Joanesburgo, Moscovo...” MG
posted by Gato 1:15 da manhã

quinta-feira, maio 08, 2003

NOS DIAS QUE CORREM, TUDO É POSSÍVEL: Realmente, o 11 de Setembro mudou as nossas vidas. Fez-nos compreender que pode acontecer qualquer coisa, por mais inusitada que seja, a qualquer momento. Mesmo assim, estes acontecimentos trágicos e inesperados vão apanhar-nos sempre de surpresa. Desta vez foi uma fábrica de pirotecnia que explodiu na zona de Bragança, imaginem! Estava preparado para tudo menos para isto. TD
posted by Gato 8:07 da tarde

PIOR QUE PEDOFILIA: Portugal está tão chocado com a pedofilia, que tem deixado passar impune um outro género de abuso infantil há muito praticado por tantas e tantas famílias. Falo, como é óbvio, de bebés que andam por aí sem jóias. Sei que, neste momento, está muita gente a baixar a cabeça e a pensar: “sim, eu já as vi, no shopping. Crianças sem as suas pulseiras, sem os seus brincos. E não fiz nada...”.
Mas eu quero fazer. Pais desnaturados, será que não percebem? Quando o bebé está ao colo e vos agarra no fio de prata, o que é que acham que ele vos está a querer dizer, hein? Os pais dizem: “Ah, o meu filho não é o filho do Mister T, para andar por aí com um cordão de ouro!” Mas dizem mal! As crianças têm tanto direito como os adultos de se quererem sentir bonitas. E uma jóia faz toda a diferença...
Já devem ter percebido que eu me emociono ao falar disto. É só porque sei o que é estar num berçário e ser o único sem uma peça de joalharia. Sei o que custa estar a ouvir esta conversa:
- Bebé, esse fio é de quê?
– É ouro. Não posso usar nada menos puro, que fico cheio de alergia. Também adoro os teus brincos! O que é que é?
- Brilhantes. São lindos, não são? Deu-me a minha mamã no meu ano.
– Lindos. E o Zé Diogo, já viste? Sem nada. Nem uma pulseirinha, nem um alfinete assim mais para o bom...
– Coitado. É impressão minha ou ele fez outra vez xixi nas calças?

Eu bem os tentava enganar. Roubava as argolas dos porta-chaves lá de casa e tentava fazê-los passar por prata, mas aquilo eram bebés que não precisavam de trincar metal para lhe saber o valor. Até porque ainda não tinham dentes. O que eu não dava por ter tido um adereço que fosse! As vezes que eu tentei que o Sr. Manel, marido da porteira, me furasse as orelhas com a unhaca do mindinho (que ele conservava nuns bons 3 cms), só para ter desculpa para um par de brincos! O que eu não chorei quando percebi que o meu pai não tencionava dar-me um piercing para o umbigo, quando me foi mudar a fralda sem óculos e teve aquele acidente com o alfinete de ama!
É um flagelo, meus amigos. Quando forem aos centros comerciais, os meus filhos não irão passar pelas mesmas provações que eu. Já tenho tiaras para todos. ZDQ

posted by Gato 7:51 da tarde

SACO AZUL ÀS COSTAS: Se se confirmar que Fátima Felgueiras se encontra no Brasil, é curioso pensar que a autarca é a única pessoa em solo brasileiro que não precisa de se aborrecer com ninguém para estar “de saco cheio”. MG
posted by Gato 7:36 da tarde

MALABARES: Passo pelo Chiado e lá estão seis ou sete jovens malabaristas, a animar os transeuntes. Contemplo-os durante uns minutos. Há ali talento, há ali alegria, há ali falta de higiene. RAP
posted by Gato 7:35 da tarde

VÍTOR ARMANI BAÍA: Acabo de ouvir o Baía dizer que, ultimamente, dizer mal dele tornou-se uma moda. Não é para ligar. Quem já viu o que o Baía faz ao cabelo e os calções esterlicadinhos que usa, sabe que ele não percebe nada do que é ou não é moda. ZDQ
posted by Gato 5:03 da tarde

NÃO ESTOU CONVENCIDO: O autor do Abrupto conseguiu provar que é, de facto, Pacheco Pereira. Mas eu ainda não acredito, por uma razão simples: não acredito na existência do Pacheco Pereira. RAP
posted by Gato 12:36 da tarde

NÃO É “EMPLASTRO”, É “ANIMAL”: Impõe-se a correcção. Aquele senhor que está sempre a tentar aparecer no enquadramento quando há reportagens de rua no Porto e que, como RAP referiu, é familiar do Jorge Lacão, dá pelo nome de Animal. Os nossos agradecimentos ao N do Cruzes Canhoto pela chamada de atenção. E quem é o Animal? Ele não revela muito mas, segundo afirmações do próprio, proferidas no passado Domingo a bordo da carreira 78 a caminho do Estádio das Antas, o pai do Animal é Jorge Nuno Pinto da Costa e a mãe é o Vítor Baía. E agora quem é que se arrisca a dizer que o Pinto da Costa e o Baía, com um filho daqueles, não são, respectivamente, um presidente e um guarda-redes do outro mundo? TD
posted by Gato 11:58 da manhã

E AINDA: Mais um agradecimento para o incansável António Granado e o seu completíssimo Ponto Media. A referência que faz ao Gato hoje é gentil. A que fez na quarta-feira, 30 de Abril, sugere que estava sob o efeito de substâncias alucinogénias. Cuidado com isso, António...
posted by Gato 11:42 da manhã

PÁREM LÁ COM ISSO: Já agradecemos (ver post lá em baixo) a alguns blogs que tiveram o mau gosto de saudar o aparecimento desta nossa chafarica cibernética. Entretanto, mais alguns blogadores tiveram a infeliz ideia de nos mencionar. Esperando que este despautério termine depressa, aqui ficam os nossos agradecimentos.
Pela simpática nota de boas-vindas: Conversas de Café. Por nos chamar “gatinhos”: Crónicas Matinais. Pelo contributo dado à urgente divulgação da mensagem de Vera Roquette: Os Donos da Bloga. Pelos preciosos esclarecimentos: Fumaças. Por persistentemente nos escolher para a rubrica “Do pior”: De Olho Nos Blogs.

posted by Gato 11:03 da manhã

SERVIÇO PÚBLICO: A RTP 1 tem agora um no ar um concurso chamado “Passa a Palavra”. Os concorrentes respondem a perguntas do género conhecido por “cultura geral”. A cultura geral é assim denominada porque dela fazem parte o conhecimento do nome do tratado assinado entre Portugal e Castela no fim do sec. XV ou o apelido, começado por Z, de um fadista de nome Carlos. O concurso em si, não aquece nem arrefece. Oscila entre os momentos de pura genialidade e outros de atroz ignorância. Amiúde é emocionante e os concorrentes usam uns head phones iguais aos senhores que arrumam aviões no aeroporto. Agora, onde ele difere dos outros concursos do género – se para bem, se para mal, ainda não consegui decidir – é no fim. No fim, depois do Nicolau Breyner anunciar quantos euros foram ganhos, SEIS BAILARINAS SALTAM DE TRÁS DELE E VÃO DANÇAR COM OS CONCORRENTES. Ora, a experiência diz-nos que pessoas que concorrem a programas desses não são propriamente grande espingarda na chamada dança. Podem saber muito sobre dança, tudo sobre a Olga Roriz, o Bolshoi, o que for. Mas não sabem dançar. São nerds. Por isso, é esquisito ver uma rapariga que acabou de acertar numa pergunta sobre Alexander Fleming a abanar os braços desajeitadamente, como se de um boneco articulado se tratasse. Ainda por cima, em contraste com as bailarinas profissionais que puxam por ela, tal qual se puxa pela prima feia que, nos casamentos, ninguém convida para dançar. É injusto. Até porque, que eu saiba, ninguém esteve lá a perguntar às bailarinas que tipo de rocha é o mármore ou qual foi o primeiro brinquedo a ser lançado para o espaço. ZDQ
posted by Gato 1:02 da manhã

PEDIDO DE DESCULPAS: Hoje, tenho que pedir desculpas aos leitores.
Principalmente, por estar a escrever desta maneira.
A fazer parágrafos por tudo e por nada.
Passo a explicar.
Estive a ler as crónicas do director do EXPRESSO.
E agora não consigo parar.
Apre, que isto irrita.
Até parece que vos estou a mandar um telegrama.
Mas não estou.
Preciso mesmo de ajuda.
Um dia gostava de escrever parágrafos como as pessoas normais.
Será que alguma vez realizarei esse sonho?
Até para.
A semana.
MG
posted by Gato 12:28 da manhã

EMPLASTRO: É impressão minha ou aquele senhor, conhecido por Emplastro, que está sempre a tentar aparecer no enquadramento quando há reportagens de rua no Porto, é familiar do Jorge Lacão? O sinal na bochecha não engana, e a técnica de se fazer às câmaras também é semelhante. RAP
posted by Gato 12:26 da manhã

NOTÍCIA DE ÚLTIMA HORA: A polícia desmantelou uma rede criminosa que introduzia cocaína e heroína nas cadeias escondida dentro de iogurtes. 14 bifidus activos faleceram de overdose, 26 estão em observação nos cuidados intensivos do Hospital de Santa Maria e 1 vai entrar na próxima tournée mundial dos Rolling Stones. TD
posted by Gato 12:12 da manhã

quarta-feira, maio 07, 2003

ESTRELAS: Um sítio chamado Blogo resolveu submeter o Gato Fedorento à apreciação popular. Uma quantidade desconcertante de pessoas atribuiu-nos quatro e mais estrelas, como se fôssemos um hotel de luxo. É desfeita que não merecemos. Pensámos que tínhamos deixado claro que o Gato Fedorento é uma espelunca reles frequentada por gente pouco recomendável. Tudo o que for acima de meia estrela é demais. Vejam lá isso. A Gerência
posted by Gato 9:25 da tarde

BIFIDUS E LÚCIA MONIZ: Ainda sobre o Bifidus Activo, quero só dizer que tenho uma grande empatia com esse... coiso. Tal como num anúncio recente, também eu, nos meus sonhos, faço cócegas na barriga da Lúcia Moniz. ZDQ
posted by Gato 8:13 da tarde

DÁS-ME UMA ENTREVISTA, MÃE?: Queria endereçar os meus parabéns à RTP, que tem nos seus quadros a única jornalista do mundo (por exemplo, a CNN anda à nora) que sabe onde se encontra Fátima Felgueiras: trata-se de Sandra Felgueiras, filha da autarca, que trabalha na redacção da estação pública. Seja como for, tudo indica que Fátima Felgueiras manteve o seu princípio de ter como apelido o nome da cidade que habita. Ou seja, por esta altura, já mudou de nome para Fátima Rio de Janeiro. MG
posted by Gato 4:39 da tarde

“FORÇAZINHA, QUERIDO! FORÇAZINHA!”: A invasão espanhola é tão avassaladora que até os filmes do canal 18 são dobrados em espanhol. Então isto admite-se? Basta! Eu quero ouvir mulheres a ter orgasmos na língua de Camões e é já! Trata-se de uma questão de orgulho nacional. Até porque nós temos cá em Portugal imensas profissionais competentes para esse trabalho. Eu, pelo menos, tenho conhecido imensas mulheres que fingem lindamente o orgasmo. MG
posted by Gato 4:38 da tarde

ANDA, PACHECO: Há quem garanta que o Abrupto é mantido por Pacheco Pereira. Pessoalmente, não acredito por 457 ordens de razões. Para não ser fastidioso, vou revelar apenas as primeiras três:

1. Pacheco Pereira, conhecido proprietário de mais de 40 mil livros (só na casa da Marmeleira) nunca escreveria “sistemáticamente”, "è", "genuina", nem separaria a pontuação do texto com um espaço, como acontece nesse blog.
2. Pacheco Pereira é deputado ao parlamento europeu. Todos sabemos como essa função, ainda para mais tendo em conta o modo como os políticos portugueses a desempenham, é extenuante e não deixa tempo aos titulares do cargo para mais nada.
3. O blog já leva 8 posts e nenhum deles refere o facto de o Prof. Cavaco Silva ter sido o maior estadista mundial de todos os tempos.

Se, pelo contrário, o blog for mesmo de Pacheco Pereira, retiro tudo o que disse e dou-lhe as boas vindas ao mundo dos blogs. Afinal de contas, tirando a crónica do Público, o Flashback da TSF, um ou dois livros por ano e meia dúzia de aparições televisivas por mês, Pacheco Pereira não tinha onde fazer ouvir a sua voz. RAP

posted by Gato 11:44 da manhã

RESPOSTA A M.M.: Este nosso leitor diz assim:

Quanto ao agarranço do Ministro da Defesa será que pode ser tratado com uma medida de substituição, tipo metadona? Que tal se lhe trocassem a cadeira por um banco - dos réus, claro! E o advogado dele poderia visitá-lo nos calabouços? Sendo o Pires de Lima não haveria o perigo de fuga? O Paulinho é tão parecido com o Averel Dalton sem bigode, que podia pensar que a lima era para serrar as grades...

Caro M.M., fique já sabendo que, se há coisa de que nós não gostamos aqui no Gato Fedorento, é de leitores com mais piada do que nós. Estamos entendidos? MG
posted by Gato 1:10 da manhã

RUBRICA “ESCATOLOGIA PARA TODOS”: Escreve-nos o Rui Manuel Amaral:

Caros amigos, tenho acompanhado com todo o interesse as vossas reflexões sobre o problema do bifidus activo. (...) No entanto, se me permitem, penso que o problema nunca estará definitivamente encerrado enquanto não trouxerem para a discussão um elemento absolutamente essencial que até aqui tem sido ignorado. Refiro-me ao papel determinante do L. Casei Imunitass. Será que o vosso silêncio em relação a este fermento natural único tem sido deliberado?”

Caro Rui, eu receava que isto acontecesse. Quando o Miguel Góis quis levantar a questão do bifidus activo aqui no Gato Fedorento, eu impus a condição de se tratar o problema na sua globalidade, sem ceder a pressões nem a censuras, doesse a quem doesse. Ou se debatem os lacticínios a fundo ou não vale a pena debater os lacticínios, é o meu lema. Como isso não foi cumprido, vi-me forçado a cortar relações com o Miguel, pondo fim a uma amizade que tinha mais de quinze dias. E o motivo da discórdia foi, justamente, o L. Casei Imunitass, um fermento que estimula a flora intestinal. Ou, dito de outro modo, o maior embuste da indústria iogurteira. A flora intestinal, como é óbvio, não precisa de estímulo. Sejamos sérios: se há coisa que não lhe falta é adubo. Onde irá parar a flora intestinal se lhe dermos estímulos adicionais? Apetece parafrasear o poeta Jorge de Sousa Braga e lançar o alerta: de manhã vamos todos acordar com uma palmeira no cu. Mas nessa manhã, quando o médico ligar a motosserra para lhes lancetar a singular erupção, não digam que eu não avisei. RAP

posted by Gato 1:05 da manhã

JUNTOS, ELES SÃO UM SÓ: Uma das notícias mais comentadas destes últimos dias foi a daquele alpinista americano que, para conseguir sobreviver depois de ter ficado preso debaixo de uma pedra, amputou o próprio braço. Espantosamente, ele já demonstrou vontade de voltar a escalar e parece que vai fazer uma expedição com o alpinista português João Garcia. Os dois juntos, eles serão o primeiro homem a escalar uma das montanhas mais altas dos Himalaias. TD
posted by Gato 12:46 da manhã

terça-feira, maio 06, 2003

DESTA NÃO SE LEMBROU O DR. SPOCK: Na edição de hoje do jornal A BOLA, é publicada uma entrevista com o pai de José Mourinho, treinador do Porto (que, por ter ganho campeonato, deixou naturalmente de ser considerado um arrogante pela generalidade da imprensa). A certa altura, o jornalista pergunta: “Que valores fez questão de lhe incutir [ao filho]?” E Mourinho Félix dá esta resposta assombrosa: “Somos uma família tradicional, católica praticante e sem ligações à política. Talvez por isso o meu filho tenha preservado estes princípios”. Eis um princípio ético que muitas vezes escapa aos progenitores mais distraídos: não cultivar ligações à política. Sonho com o dia em que oiça uma mãe a gritar ao filho: “Jorge Manuel, come a sopa toda!”, “Jorge Manuel, não mexas aí, que isso é da senhora!”, “Jorge Manuel, não te filies nessa associação partidária, senão não comes a sobremesa!” MG
posted by Gato 6:53 da tarde

ESCLARECIMENTO AO ESCLARECIMENTO DO ZDQ: Por curiosidade, fui ao dicionário ver o significado de entroncado, que é o seguinte: adj. volumoso mas sem consistência. Ah, desculpem! Isto é o significado de balofo. TD
posted by Gato 5:28 da tarde

DEPENDÊNCIAS: Graças ao Paulo Portas, um grupo de cientistas descobriu um novo tipo de toxicodependência. Dizem os investigadores que o Ministro da Defesa está completamente agarrado à cadeira. MG
posted by Gato 5:18 da tarde

ESCLARECIMENTO: Para que não haja dúvida, ao contrário do Tiago Dores, do Miguel Góis e do Ricardo de Araújo Pereira, que são de esquerda, do Benfica, magros e quase abstémios, eu sou de direita, do Sporting, entroncado e quase não abstémio. ZDQ
posted by Gato 4:57 da tarde

TANTO PAPEL E TÃO POUCO FUTEBOL: Estava eu perdido no meio dos costumeiros 2329 cadernos do Expresso (aliás, um estudo recente prova que 60% dos casos de crianças desaparecidas se dá quando os pais, irresponsavelmente, deixam os miúdos vasculhar o Expresso sozinhos. E depois, claro, os putos perdem-se no meio da papelada) à procura de notícias da bola, quando me deparo com uma entrevista de um indivíduo de nome Ricardo Rocha. Pensei: porreiro, isto esta semana traz qualquer coisa sobre futebol. Mas não. Este Ricardo Rocha não era o jogador do Benfica mas sim, segundo o Expresso, “o mais novo músico a desbravar caminhos para a guitarra portuguesa”. Pelo sim pelo não, li, não fosse este Ricardo Rocha ser primo afastado do outro e ter qualquer coisa a dizer sobre a SuperLiga. Começa por dizer o Ricardo Rocha que a sua grande influência foi o avô: “Como este toca guitarra portuguesa, fui parar a este instrumento deprimente, diabólico, triste...” Para, mais à frente, continuar a malhar na guitarra: “Detesto guitarra (...) A guitarra é uma cruz que tenho que carregar.” Aqui, o jornalista, espicaçando o entrevistado, pergunta-lhe se ele nunca pensou em mudar de instrumento, mas o Ricardo Rocha é peremptório: “ Como é que eu podia tomar essa decisão se me apercebi disso aos 17 ou 19 anos? Não cabe na cabeça de ninguém.” Nesta fase já o entrevistador optou por retirar todos os objectos cortantes do alcance do guitarrista, que remata, referindo-se ao seu instrumento (ainda a guitarra portuguesa, bem entendido): “Detesto-o. Torna-se agonizante tocá-lo. Não desisto de tentar direccioná-lo para outros caminhos. É um desafio, mas um desafio macabro ao qual começo a achar menos piada.” E pronto. Este é o momento em que a brigada de suicídios arromba a porta e se salva um músico promissor. Realmente, porque é que isto havia de ser uma entrevista ao Ricardo Rocha do Benfica? No panorama actual do futebol português, só um indivíduo seria capaz de dar uma entrevista tão deprimente como esta: o Bölöni. TD
posted by Gato 4:04 da tarde

CORRESPONDÊNCIA: Nunca é demais relembrar que o Gato Fedorento é um blog com opiniões, nenhuma das quais devidamente fundamentada, mantido por Tiago Dores, Miguel Góis, Ricardo de Araújo Pereira (todos de esquerda, do Benfica, magros, quase abstémios) e Zé Diogo Quintela (nenhuma destas coisas). Os leitores são encorajados a escrever missivas para o gatofedorento@hotmail.com e para o “diário intimo” da revista Maria, sendo que nós só respondemos às primeiras, mas lemos com gozo as segundas. Publicaremos as questões mais pertinentes. Quer dizer, provavelmente não. Provavelmente só publicaremos as questões para as quais temos respostas espirituosas e inteligentes. Por isso não esperem grande coisa. Ficamos lisonjeados com love mail, muito lisonjeados com hate mail, mas valorizamos mais hei-de mail. Se, por alguma razão, algum mail não for respondido, não é falta de tempo, é por sermos quatro e nunca sabermos quem já respondeu a quem. Por isso, continuem a mailar. O máximo que pode acontecer é nós acharmos que temos um stalker. Which is nice. Agora a sério, se tiverem uma pergunta ou observação que gostavam de ver respondida por determinado fedorento, indiquem as iniciais no subject.
posted by Gato 2:57 da tarde

RECORDAÇÕES DE INFÂNCIA: Uma coisa que eu adorava quando era pequeno era os livros da "Anita" (nunca tive problemas em assumir isto, porque aos três anos já estava muito seguro da minha sexualidade). Tinha a colecção toda e os livros de que mais gostava eram o "Anita vai à praia", o "Anita vai ao museu" e o "Anita vai às compras". O tempo foi passando e comecei a criar as minhas próprias aventuras da Anita, não raramente baseadas em experiências pessoais. Escrevi o "Anita vai buscar os preservativos" e o "Anita vai ao castigo", mas a minha obra-prima foi o "Anita vai-te mas é vestir depressa, que o vigilante acabou de chegar e se nos apanha aqui todos nus dá-nos um tiro na cabeça!". Imediatamente a seguir a este ainda escrevi o "Anita vai ligar para os bombeiros, que eu acho que tenho os dois braços partidos, além de me custar a respirar tal foi o biqueiro que levei no baixo-ventre", que foi a minha última obra. Ai, ai... Bons tempos, aqueles da Casa de Correcção. TD
posted by Gato 1:59 da tarde

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS: Na minha escola havia um rapaz que tinha um problema no pescoço, uma espécie de torcicolo permanente que fazia com que ele andasse sempre com a cabeça ligeiramente inclinada para o lado direito. Como é óbvio, eu chamava-lhe “O Cabeça Torta”. A generalidade dos meus colegas, contudo, chamava-lhe “Carlos”. Nunca percebi porquê. RAP
posted by Gato 12:18 da tarde

segunda-feira, maio 05, 2003

25 ANOS, 40% VOL: Uma das consequências perversas da mais recente Guerra do Golfo foi o facto de ter obliterado por completo o festejo dos 25 anos de Alberto João Jardim à frente do governo regional da Madeira. É uma bonita coincidência, mas a bebida que Alberto João tanto aprecia também tem 25 anos. MG
posted by Gato 10:16 da tarde

ESPERANÇA: Quero aqui deixar uma mensagem de esperança às mulheres de Bragança. Minhas amigas, não se preocupem tanto. Vão ver que, mais cedo ou mais tarde, os vossos maridos vão regressar a casa, sobretudo quando perceberem que aquelas fogosas meretrizes brasileiras não têm metade da vossa beleza interior. MG
posted by Gato 10:16 da tarde

AINDA BRAGANÇA: Ok, estou obcecado com esta história. Mas tenho uma dúvida: se o movimento que fez o abaixo-assinado pretende que as brasileiras deixem os maridos em paz (ou vice-versa), não deveria antes chamar-se "Esposas de Bragança"? É que, se me dizem que há um movimento chamado "Mães de Bragança" que é contra a presença de alternadeiras, eu fico a achar que as "mães" estão a defender os interesses das filhas, ao ver os seus postos de trabalho ameaçados pelas brasileiras. Se assim for, é xenofobia. E isso está mal.ZDQ
posted by Gato 9:42 da tarde

OOPS!: Se calhar não devia ter revelado a minha ideia milionária antes de a pôr em prática. Esqueçam o que eu disse, se fazem favor. ZDQ
posted by Gato 7:18 da tarde

NEGÓCIO: Acabo de ter uma ideia que me vai deixar rico. Sigo amanhã para Bragança, onde vou abrir uma Clínica de Estética – com ginásio, nutricionista, cabeleireiro, etc e tal. É que eu compreendo o transmontano. Olha para um lado, vê a mulher. Olha para o outro, vê a filha. Atrás dele, vê a irmã. Claro que, perante uma rameira do Brasil, compara e chega à conclusão de que a mulata é melhor do que qualquer coisa que já experimentou. Só que, a partir de amanhã, quando a máscara de algas estiver ao alcance de qualquer bragantina, as brasileiras deixarão de ser problema. Recolhem para um puti club em Huelva, de onde nunca deviam ter saído. ZDQ
posted by Gato 7:15 da tarde

QUAIS PYTHON, QUAL QUÊ: Muitos leitores (mais precisamente, dois) nos têm perguntado quais são as nossas principais referências humorísticas. A minha, aponto-a sem hesitações: é Vera Roquette. As crónicas que escreve quinzenalmente para o Diário de Notícias são do melhor que já li em 29 anos de vida. Em Vera Roquette, um analfabetismo de grande envergadura junta-se a uma fulgurante estupidez para produzir os textos mais incompreensíveis da imprensa portuguesa. A primeira nota a destacar é esta: o DN paga a Vera Roquette ao ponto de exclamação. Não pode haver outra razão para alguém ser tão abundantemente exclamativo num quarto de página. Neste particular, destaco as crónicas “Isto é que vai uma crise!” (30 exclamações), “O que diz Portas” (45 exclamações) e “Ai Jesus! Sr. Doutor!” (56 exclamações). Nesta última, Vera Roquette encena um diálogo entre um paciente e o seu médico, construindo uma parábola sobre um problema muito grave da sociedade portuguesa que incomoda bastante a autora, mas que não se chega a perceber qual é. Minto: há um passo do texto em que Vera Roquette faz uma denúncia importante. Queixa-se o doente: “Ai Jesus! Sr. Doutor! Doem-me as articulações de enferrujada canalhice...” Isto, concedo, é bem observado. Apesar de não haver casos de pneumonia atípica em Portugal, já anda por aí tudo em pânico com a doença. Mas este homem tem canalhice enferrujada nas articulações e o Ministério da Saúde assobia para o lado.
Outra crónica clássica de Vera Roquette é “Ao voto! Irra!” (49 exclamações). Conta a história de um casal de idosos que se vê forçado a sair da aldeia onde vive para fugir aos caciques locais, gananciosos caçadores de votos. A dada altura, acontece isto: “Porém, enquanto o diabo esfrega um olho, atravessasse-lhes (sic) pela frente o cunhado, a querer "candidatar-se" e a dar-lhes cabo da vida!” Nem comento, para não estragar.
Por último, a minha crónica preferida. O título é “Abaixo de gato!” (35 exclamações). O fascinante relato de meia dúzia de viagens de avião que Vera Roquette fez entre Faro e Lisboa. Começa assim: “Ora... Toma lá!...Toma! Toma! Cá vão mais umas traulitadas no ceguinho. - Dever, oblige! O país rosna "pulguento". Abaixo de cão. Pior... muito pior. Mia e "remia": "reminhau nhau nhau". Abaixo de gato. Ou seja... já nem de gatas!... Arrasta-se, de casa às costas, de tartaruga.” Brilhante no uso das aspas e das onomatopeias, Vera é clara no diagnóstico: este país está abaixo de gato. Porquê? Em primeiro lugar, porque há muita gente nos aeroportos: “Ouço dling-dlongs, exasperantes. Três horas depois, o toque celestial! O aeroporto está pelas costuras. Abarrotar. (Thanks God!)” Este “Thanks God” é precioso. Vejo-o como um gesto de grande patriotismo de Vera Roquette. Como quem diz: “Atenção: não é só a nossa língua que eu maltrato. Também dou calinadas em estrangeiro.”
Em segundo lugar, o país está abaixo de gato por causa das medidas de segurança: “(...) nas bagagens à minha frente, um grandalhão apitava por todos os lados. Mandaram-no tirar o blusão, a camisola, o telemóvel, os sapatos, oscularam-no (sic) de alto a baixo, e nada! Não parava de apitar... E lá se foi!” Aqui, compreendo a indignação de Vera Roquette: tenho viajado bastante de avião, já fiz disparar uma quantidade razoável de detectores de metais, e nem uma única vez fui osculado de alto a baixo no aeroporto. É o que dá ir sempre em turística.
Por último, o país está abaixo de gato por causa das obras na rodovia: “Deixei o aeroporto e, esfegunteada (sic) meti-me à estrada. Continua, há um ano, a ser alargada para quatro faixas! Está de pantanas. Empoeirada. Engarrafada. A fervilhar Farenheits e magotes.”
Pode haver quem ache exagerada a reacção de Vera Roquette. Mas estrada que fervilha Farenheits e magotes é estrada que não serve. Ou alguém faz alguma coisa depressa ou este país esfegunteia-se. E não vai ser bonito. RAP

posted by Gato 6:15 da tarde

ESPADINHA: Vítor Espadinha é, de certeza, o mais multifacetado artista português. É um péssimo cantor, mas é também um péssimo actor, um péssimo apresentador de televisão, e, se o tivessem deixado, estou convencido de que tinha todas as condições para ser também um péssimo toureiro. O trabalho de Vítor Espadinha que mais estimo é a canção “Sou portuga”, em que, a certo passo, Espadinha murmura: “E na tropa / sempre fui alferes. / Nunca fui / um desses quaisqueres. / Um daqueles / “Vai ali”, “Já vou” / Sou portuga...” À milésima vez que se ouve, continua a ter piada. RAP
posted by Gato 3:51 da tarde

domingo, maio 04, 2003

PJ NA TVI, JÁ! A nossa leitora Patrícia Gomes chamou a atenção para o seguinte facto: na quinta-feira, 1º de Maio, a TVI transmitiu uma emissão especial directamente da Casa Pia. As crianças levaram com seis horas de Carlos Ribeiro, Toy, Ana Malhoa e quejandos. Sinceramente, depois de tudo o que lhes aconteceu, a TVI podia ter mais consideração pelos petizes. ZDQ
posted by Gato 11:59 da tarde

MULHERES E FUTEBOL: No rescaldo (como gosto desta palavra, faz lembrar sopa fria) do Benfica - Sporting, Charlotte, a minha amiga Bomba Inteligente, fala de futebol. Usa a imagem dos "22 homens a correr atrás de uma bola". Eu tenho apenas um reparo a fazer: de uma vez por todas, não são 22 homens a correr atrás da bola. São 20. Os guarda-redes estão lá quietinhos. ZDQ
posted by Gato 1:09 da tarde

A LIVRARIA DE JORGE SILVA MELO: Ainda a propósito do desgosto que Jorge Silva Melo teve quando descobriu que nem todos os empregados de livraria conhecem “O Nariz” de Gogol, é altura de dizer que o encenador tem direito à indignação. Em Londres, ele vibrou com um empregado de livraria que lhe recomendou obras de grande envergadura que ele próprio desconhecia e, por cá, é o que se vê. Resta-lhe o consolo de adormecer e poder sonhar com a sua livraria ideal: ele entra e, logo à esquerda, encontra Manuel Maria Carrilho atrás do balcão da secção de filosofia; à direita, na secção de ficção, lá está o solícito Eduardo Prado Coelho ainda a receber o troco de um pobre cliente, a quem recomendou o último de Mafalda Ivo Cruz; mais à frente, Pedro Mexia está a colocar no expositor as últimas novidades no que diz respeito à poesia portuguesa... Jorge Silva Melo só não sonha mais, porque já é de manhã e o alarme toca. “Ai, ainda falta tanto para logo à noite, para poder voltar a sonhar...” MG
posted by Gato 1:33 da manhã

OUTRA VEZ O BIFIDUS: Quanto mais reflicto sobre os iogurtes com bifidus activo (e todos os dias tento guardar sempre um espaço para essa actividade, nem que seja só meia-hora, para não perder o hábito), mais convencido fico que a presença desta substância atinge contornos de conspiração. A indústria dos lacticínios já conseguiu convencer as nossas mulheres que a ingestão daqueles iogurtes são um passo imprescindível para renovar a flora intestinal. Qual será o próximo passo? Temo bem que seja - partindo da premissa de que as plantas crescem quando nós falamos com elas - convencer-nos que devemos passar a entabular longas conversas com os nossos próprios traseiros para que a flora intestinal se multiplique. Nessa altura, aposto que toda a gente vai querer começar a reflectir à pressa sobre este tema. Mas aí não será já tarde demais? MG
posted by Gato 1:32 da manhã

SIM, EU SEI QUE TUDO SÃO RECORDAÇÕES: Nos bons velhos tempos em que, por estar à frente de um partido, Manuel Monteiro tinha muito mais exposição pública, ouvi-o criticar determinada medida do governo dizendo que, por causa dela, o ano lectivo português iria começar “coxo e manco”. Confesso que acarinho esta memória. Monteiro era, como creio que todos se lembram, um sofisticado artífice da língua, e esta frase é, talvez, a melhor demonstração do seu talento para a oratória. Por um lado, a personificação do ano lectivo, a que Monteiro, habilmente, atribui características do ser humano, faz com que quase consigamos vê-lo, feito homem, à nossa frente. Imaginamos o ano lectivo português a coxear (e a mancar), triste, enquanto os anos lectivos estrangeiros, que não coxeiam (nem mancam), lhe atiram pedras e dizem: “Sai daqui, ó coxo e manco”. Por outro lado, Monteiro percebeu que dizer duas coisas é sempre melhor do que dizer só uma, mesmo quando essas duas são a mesma, como é o caso nesse prodígio sintáctico que é “coxo e manco”.
Monteiro é um homem que – sente-se – leu atentamente o Padre António Vieira. E é por isso que eu quero aqui dizer e afirmar, agora e neste momento, que aprecio e gosto do Manuel Monteiro e do ex-líder do PP. RAP

posted by Gato 1:20 da manhã

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Um blog com opiniões, nenhuma das quais devidamente fundamentada. Mantido por: Tiago Dores, Miguel Góis, Ricardo de Araújo Pereira e Zé Diogo Quintela. E-mail: gatofedorento@hotmail.com

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