quinta-feira, fevereiro 08, 2007
OUTRA VEZ, MAS MAIS DEVAGAR: Parece que não me fiz entender. Vou tentar de novo usando palavras com menos sílabas, a ver se tenho mais sorte. O PPM é como a minha tia Júlia (embora tenha menos bigode): gosta muito de quase tudo o que eu faço, mas não percebe quase nada. Vejamos: PPM continua convencido (pelo menos, parágrafo sim, parágrafo não) de que certa personagem que interpretei se refere a ele. Como provas, apresenta o uso de uma expressão que terá sido cunhada pelo próprio (“pluralismo democrático”), e como testemunha, avança com o 24 Horas. Confesso que, até tendo em conta as circunstâncias, pensei que não restassem dúvidas quanto à autoria do discurso da personagem em causa. Caramba, não foi assim há tanto tempo. Mas, se é mesmo preciso, tenho todo o gosto em recordar o PPM e o 24 Horas. Aqui há tempos, alguém exerceu pressão para que o prof. Marcelo se calasse. A pressão era para que se calasse, embora – e isto é que é bonito – estivesse travestida de amiga da liberdade. Para quem não se lembra, o caso foi este: lá está a ideia de que nenhuma opinião pode passar sem ser contraditada, a recusa veemente de que tenha sido feito qualquer esforço para censurar, e o súbito amor ao pluralismo, que lindo que é o pluralismo. Ou seja, estão lá precisamente os argumentos e o vocabulário que a personagem em causa usou. Se são iguais aos argumentos e ao vocabulário do PPM, caros amigos, a culpa não é minha. E se há alguém que deve ficar embaraçado com isso não sou eu, com certeza. A ideia da rábula surgiu porque, em nome de uma suposta defesa do prof. Marcelo, foram usados exactamente os mesmos argumentos que, um ano e pouco antes, tinham sido usados para atacar o prof. Marcelo. Ninguém veio para a imprensa dizê-lo, até porque nem toda a gente tem a ingenuidade do Rui Gomes da Silva (e também porque este episódio acabou por ser, de algum modo, didáctico), mas disseram-no. Lamento imenso, mas os argumentos e as “expressões” do PPM nunca foram para aqui chamados nem tidos em conta. E, assim como não fiz referência ao PPM, nunca falei ao DN em críticas da blogosfera (nada disso está, aliás, entre aspas). Já disse que, quando é caso disso, comento as críticas da blogosfera na blogosfera – e PPM sabe-o. Também disse que a notícia apresenta conclusões da jornalista, e não minhas. Mesmo a mensagem SMS, que aparece como sendo parte do meu discurso, lamento dizê-lo, nunca existiu. Disse que tinha enviado uma mensagem ao Herman e a jornalista inferiu que tinha sido uma SMS. Enviei a mensagem por e-mail. Longe de mim querer pôr em causa a habitual infalibilidade dos mensageiros, infalibilidade essa que qualquer leitor de jornal conhece tão bem, mas de facto eu não poderia ter dito o que ali está, porque não é verdade.
Quanto às tentativas de pressão ou retaliação, volto a dizer que são bastante frequentes – o que, apesar de tudo, não creio que seja surpresa para ninguém. Umas vezes, aparecem noticiadas na imprensa, sempre de uma forma mais hesitante do que taxativa, mesmo que toda a gente saiba que é caso para ser taxativo. Mas, na maior parte dos casos, como me parece óbvio, não são notícia. PPM só acredita quando vir, em letra de forma, o anúncio: “Eu, Fulano de Tal, desejo ameaçar e/ou censurar o indivíduo Y por ter feito uma rábula que me irritou.” Tudo o que seja menos que isto, para PPM, pertence ao domínio do sobrenatural.
O que me leva às aspirações do Henrique Burnay, que infelizmente não posso satisfazer. Não frequento caixas de comentários – o que desde logo me impede de ser decente. Também não acuso ninguém se não puder prová-lo (conversas privadas e telefonemas não provam nada), ou se só puder prová-lo traindo a confiança de outros – o que me impede de ser corajoso. Mas posso dizer que tem havido pressões e que temos recebido recados e ameaças. Por uma razão que é simples mas não despicienda: porque é verdade.
Posto isto, sinceramente não encontro mais maneiras de dizer que, se dei razão ao Herman, não foi por um post do PPM no 31 da Armada. Por muito perspicazes, sensatas e acutilantes que sejam as críticas do PPM (e se o são, meu Deus!, se o são!), não me fazem pensar que o país em que vivo não é bem aquilo que eu pensava que era. Já o facto de a minha família receber ameaças por eu ter feito uma rábula humorística de dois minutos, não me levem a mal, transtorna-me um pouco mais. Enfim, feitios. RAP
posted by Gato 12:44 da tarde
quarta-feira, fevereiro 07, 2007
FAZER A FESTA, LANÇAR OS FOGUETES E APANHAR AS CANAS: Ao que parece, Paulo Pinto Mascarenhas tem a convicção firme de que certa personagem que interpretei está a falar com ele. A generalidade dos malucos ouve a voz de Jesus Cristo; PPM ouve a minha. Enfim, cada um tem a Alexandra Solnado que merece – e, mesmo sendo ateu, parece-me mais do que justo que eu tenha pior sorte que o Messias.
Talvez seja bom explicar o que se passa. O povo português tem tido, até agora, a decência de não delegar em PPM qualquer espécie de poder. Mas a verdade é que o povo português não tem sido tão sensato no que respeita a outras pessoas. Eu sei que esta notícia vai cair como uma bomba no 31 da Armada, mas há gente um pouco mais poderosa do que o PPM. É uma coisa muito ligeira, mas tem, de facto, um bocadinho mais de poder. E essa gente, quando se sente atingida, ou quando sente que os amigos foram atingidos (mesmo que seja por uma rábula humorística), pressiona, corta relações com a estação de televisão em que a rábula foi emitida, manda recados com ameaças, faz saber que ficará à espera de uma oportunidade para nos fazer, digamos, coisas bonitas (sempre que posso, uso expressões de Artur Jorge). É isso que tem acontecido desde que o Diz Que É Uma Espécie de Magazine começou – e foi o que aconteceu agora, de forma bastante mais intensa, na sequência do sketch sobre Marcelo Rebelo de Sousa. Em tempos, o Herman disse-me que o pequeno poder (e, às vezes, não tão pequeno como isso) sabe encontrar maneiras de pressionar no sentido de fazer censura sem sujar as mãos, de ameaçar sem poder ser denunciado, de intimidar sem aparecer. Na semana passada percebi isso melhor do que gostaria, e dei-lhe razão.
Decidimos fazer uma rábula sobre esta espécie dissimulada de censura. Ontem, uma jornalista do DN perguntou-me se tínhamos sido pressionados pela RTP e pelo Provedor do Espectador. Respondi que não, e não menti. Da RTP e do Provedor do Espectador, não veio qualquer espécie de pressão. Quem sobra? No entender do PPM, sobra ele e um post que escreveu no 31 da Armada. Fizemos uma rábula para um milhão e meio de espectadores por causa de um post do PPM no 31 da Armada. Mandei uma mensagem ao Herman a dar-lhe razão por causa de um post do PPM no 31 da Armada. E dei-lhe razão porque, como é óbvio, foi para isso que ele me advertiu. “Põe-te com brincadeiras e vais ver que, um dia destes, o PPM faz um post sobre ti no 31 da Armada”, foram as palavras exactas dele. “Tinha razão, Herman”, disse-lhe eu agora.
Há, no meio disto tudo, um pormenor que pode intrigar o leitor. Se eu já interpretei tantas personagens apalermadas e de discurso incoerente, porque é que o PPM só se sentiu retratado agora? Boa pergunta, leitor. Vagamente insultuosa, mas boa. Eu respondo: por duas razões. Primeiro, porque quando eu disse que a RTP e o Provedor não nos tinham pressionado, a jornalista tirou conclusões que não são as minhas. Segundo, porque a crítica do PPM segue, digamos, a mesma matriz ideológica que o pequeno poder (e, às vezes, não tão pequeno como isso) perfilha. Aliás, a crítica do PPM não é nova, nem é só dele. Já tinha sido usada para pedir a nossa imparcialidade em relação a Salazar e Cunhal. Ou em relação a Pinto da Costa e Luís Filipe Vieira. Ou em relação à Floribella e à Doce Fugitiva. Mas dizem-me que é intelectualmente desonesto falar nisto.
Parece que o que é intelectualmente honesto é dizer que um programa humorístico de sátira social e política deve ser imparcial (argumento espantoso). Ou dizer que criticar o prof. Marcelo é fazer campanha pelo Sim. O próprio prof. Marcelo diz que foi criticado por muitos defensores do Não – o que só pode significar que, pelos vistos, há gente do Não a fazer campanha pelo Sim.
PPM, referindo-se ao sketch sobre o prof. Marcelo, diz que, “em plena campanha eleitoral” quisemos “ridicularizar os argumentos de um dos lados em confronto no referendo”. Primeiro, o prof. Marcelo não representa o Não. Ele mesmo, aliás, afirma que há vários Nãos. Segundo, a nossa rábula sobre o prof. Marcelo foi transmitida no domingo, dia 28 de Janeiro. A campanha começou na terça-feira, dia 30. Dizer que fizemos o sketch “em plena campanha eleitoral” é, portanto, uma… Bom, parece-me que não há maneira delicada de o dizer: é mentira.
Não posso deixar de fazer referência às últimas palavras de PPM, que me parecem interessantes: “Ricardo Araújo Pereira pode dizer que não me conhece de lado nenhum, como disse ao 24 Horas. Pode, mas estará a faltar à verdade se o repetir em relação ao Rodrigo Moita de Deus.” Quero agradecer, penhorado, que PPM me autorize a dizer o que eu disse. Já é mais do que costuma fazer, e registo a evolução democrática. Agradeço ainda mais que me ponha de sobreaviso em relação à veracidade do que eu não disse mas, por uma razão que neste momento me escapa, poderei vir a dizer.
Uma nota final: estou muito habituado às críticas do PPM, que têm, aliás, sempre o mesmo sentido. Normalmente, comento-as aqui mesmo. Na televisão e na imprensa, costumo satirizar gente que a generalidade do público conhece, e que diz coisas ridículas. Enquanto o PPM continuar a preencher apenas um destes requisitos, pela minha parte também continuarei a responder-lhe apenas aqui no blog. Por isso, e para evitar confusões futuras, gostava de sublinhar o seguinte: se, um dia, eu interpretar uma personagem megalómana, moralista e que mente para fazer valer os seus argumentos, o mais provável é que eu não esteja a satirizar o PPM. Há mais Marias na Terra. RAP
posted by Gato 1:12 da manhã
terça-feira, fevereiro 06, 2007
TOP SECRET: Uma antiga secretária da Coca-Cola pode cumprir pena de prisão por ter tentado vender segredos comerciais à Pepsi. Parece que a senhora se preparava para revelar à concorrência que a Coca-Cola é uma água gaseificada com açúcar e sabor a caramelo, vendida em todo o lado. TD
posted by Gato 3:59 da tarde
RÁPIDO, O TEMPO ESCASSEIA: De acordo com o cardiologista Sandeep Gupta, por cada cigarro que se fuma perde-se onze minutos de vida. Para os fumadores a solução é óbvia: têm de passar a fumar mais depressa. TD
posted by Gato 2:23 da tarde