sábado, julho 08, 2006
A CHAMADA EVOLUÇÃO NA CONTINUIDADE: Pauleta anunciou que não voltará a jogar pela selecção nacional. Isto significa que, no Europeu de 2008, teremos oportunidade de ver tantos golos do Pauleta como no Europeu de 2004. RAP
posted by Gato 10:14 da tarde
quarta-feira, julho 05, 2006
TRADUTORE, TRADITORE: Porquê ler os clássicos? Tanto barulho à volta desta pergunta quando a resposta está à vista de todos. Porquê ler os clássicos? Obviamente, para impressionar raparigas intelectuais. Não é, contudo, tarefa simples. Primeiro, porque as raparigas intelectuais se deixam impressionar menos pelos clássicos e mais pelo bíceps (no que se parecem imenso com as outras raparigas). Segundo, porque os clássicos são difíceis de ler. Há dias, abri as Gramáticas da Criação, do George Steiner (que não é um clássico mas já leu dois ou três, e às vezes faz resumos). Na primeira página diz assim:
“Today, in western orientations – observe the muted presence of morning light in that word – the reflexes, the turns of perception, are those of afternoon, of twilight.”
Ou seja, o bom Steiner ensina-nos que hoje, no Ocidente, somos tomados por uma sensação de término, de fim, de ocaso – e a propósito da palavra “orientações” propõe-nos que observemos nela a presença muda da luz matinal, uma vez que “orientações” deriva de oriente, isto é, do sítio onde o Sol parece nascer, onde principia a luz da manhã. Isto, meus amigos, impressiona. Há observações sobre o sentimento dos ocidentais, há crepúsculo matinal, há etimologia. Que mais pode uma rapariga querer? O problema é que eu li a tradução portuguesa, que diz:
“Hoje, entre as inclinações ocidentais – observe-se a presença muda da luz matutina deste mundo –, os reflexos, as inflexões da percepção são os da tarde, do crepúsculo.”
Está tudo estragado, não é? Desapareceu a nota sobre a palavra “orientações” (até porque a palavra, ela própria, desapareceu) e somos convidados a observar a luz matutina do mundo. Talvez as raparigas intelectuais do século XVIII ainda se deixassem levar pela contemplação da luz matutina do mundo. Mas, para que as raparigas intelectuais dos dias de hoje nos franqueiem a porta do quarto, é preciso mostrar-lhes a luz da manhã em qualquer coisa esquisita – como uma palavra. É essa a genialidade de Steiner, que o tradutor não soube verter para português.
Mais adiante, depois de lembrar que a Europa tinha acabado de viver um século de desenvolvimento e esperança, diz Steiner:
“It is in the afterglow, no doubt idealized, of this exceptional calendar (…) that we suffer our present discomforts.”
Quer dizer: a nossa inquietação actual surgiu na reminiscência daquele passado (“afterglow” é o sentimento de prazer que se segue a uma experiência agradável, a memória persistente de um passado glorioso). Na versão portuguesa aparece traduzido assim:
“É nos clarões póstumos, e sem dúvida idealizados, deste calendário excepcional (…), que vivemos o nosso actual mal-estar.”
Escuso de dizer que também não se convence ninguém com “clarões póstumos”. Paz à alma de quem libertou postumamente estes clarões, mas não há rapariga minimamente alfabetizada a quem a claridade póstuma faça qualquer espécie de mossa. Resta-nos o bíceps – o que, no meu caso, me deixa com muito pouco. Não consigo impressionar rapariga nenhuma. Assim não admira que eu permaneça absoluta e irremediavelmente casado.
Nota: Gramáticas da Criação foi editado em Portugal pela Relógio d’Água. A tradução é assinada por um dos mais conceituados tradutores portugueses: Miguel Serras Pereira. RAP
posted by Gato 1:18 da manhã
terça-feira, julho 04, 2006
DUAS CARREIRAS, DOIS ESTILOS: A grande diferença entre este serial killer de Santa Comba Dão e o outro é que este não mandava a PIDE fazer o trabalho. RAP
posted by Gato 10:20 da tarde