quarta-feira, março 16, 2005
BLOQUEIO HUMORÍSTICO: Já passou quase um mês desde que o PS ganhou as eleições e ainda não há nada para criticar no novo primeiro-ministro. A necessidade fisiológica está lá, mas o meu cérebro diz-me: “Tens que esperar. Se criticas só por criticar, ninguém te levará a sério”. Respondo: “Tens razão”. Nessa altura, diz o meu pâncreas: “Pouco barulho! Há aqui gente que está a tentar segregar enzimas”.
Uma solução possível seria virar-me para Santana Lopes. Mas o respeito pela sua actual condição política impede-me que o faça. Resta-me recorrer às palavras de circunstância, que se usam nestas ocasiões, sempre difíceis: “Se calhar, foi melhor assim. Parece que, nas últimas semanas, já estava a sofrer muito, coitado. Era uma excelente pessoa, amigo do seu amigo, não fazia mal a uma mosca.”
Resumindo, não posso maldizer Sócrates, nem Santana. Está decidido: vou começar a fumar. Se não o fizer, corro o sério risco de desenvolver um cancro. MG
posted by Gato 12:20 da tarde
COITADO: Parece-me desigual esta guerra entre José Mourinho e o resto do mundo (árbitros, imprensa inglesa, UEFA, etc.) Claramente, o mundo precisa de ajuda. MG
posted by Gato 11:44 da manhã
terça-feira, março 15, 2005
VOTA NO NOSSO PAINEL: Ainda não tinham passado 48 horas sobre a divulgação dos resultados eleitorais, e já a imprensa começava a apontar caminhos para José Sócrates. Deve ser muito irritante conseguir a incrível meta de dois milhões e meio de votos e, ainda assim, ter que ouvir dicas de gente que nem sequer conseguiu ser eleita chefe de turma na secundária.
Por isso, é que o sistema eleitoral português deixa muito a desejar. Não se devia votar em partidos. Devíamos votar em painéis de personalidades. Os benefícios são por demais evidentes. Se observarmos com atenção, há indivíduos que, quando faziam parte de painéis de personalidades, eram referências nas suas áreas. A partir do momento em que foram para ministros, de repente percebemos que não passam de patetas sem uma única ideia.
Há ainda outra vantagem de peso: se as coisas correrem mal, não é obrigatório apresentar-se a demissão. Nunca ouvi um elemento de um painel dizer: “Aqui há uns tempos, previ a subida da inflação e isso não se verificou. Por isso, queria aqui pedir a minha demissão do cargo de personalidade”.
Destaco em particular o esmero do DN, que, nesta edição, decidiu puxar para a capa vinte personalidades da sociedade civil (mas que querem deixar de ser, nomedamente através de um convite para ser ministro), cada uma delas com ideias bastante definidas sobre as medidas que o novo governo deverá tomar. Olhando para as suas fotografias, constata-se que, das vinte personalidades, treze usam óculos e sete exibem algum tipo de pilosidade no rosto - dois bigodes simples, dois bigodes com pêra, e três barbas. Isto é bom para que se perceba, de uma vez por todas, que pessoas imberbes e com boa vista nunca hão-de ser especialistas em nada. Se os óculos comprovam as milhares de páginas lidas e relidas, a pilosidade atesta a seriedade do carácter.
Contudo, fica aqui o alerta para os mais ambiciosos. A convivência destes dois elementos – óculos e pilosidade - é desaconselhável, uma vez que pode provocar aquilo a que os neurologistas chamam “overdose de prestígio”. Aconteceu poucas vezes, mas posso dizer-vos que não é uma coisa agradável de assistir (sobretudo, para pessoas que não podem ver sangue). MG
posted by Gato 1:02 da tarde