segunda-feira, março 15, 2004
POIS, MAS OS CÃES COMEM O SEU PRÓPRIO VOMITADO: Na crónica de Miguel Sousa Tavares da passada sexta-feira (que, por uma vez, não incluía a palavra “quatorze”) podia ler-se a seguinte passagem acerca da adopção de crianças por homossexuais: “Uma vez mais, a minha resposta é: olhem para a natureza. Já viram elefantes "gays" ou focas lésbicas a criarem filhos em comum?”
Longe de mim querer pôr em causa o estilo de vida do sábio elefante e da sensata foca, que, tenho a certeza, ponderaram longamente até se decidirem pela opção de impedir a criação de filhos por casais homossexuais nas suas comunidades. Mas olhemos, de novo, para a natureza: há animais que comem as suas próprias crias. Confesso que espero, com alguma ansiedade, por uma crónica em que Sousa Tavares defenda que a lei que impede a adopção por homossexuais deve, tomando como exemplo a mesma natureza, encorajar a adopção de crianças por canibais. A menos que o exemplo dos doutos animais deva ser seguido, não no que eles fazem, mas apenas no que deixam de fazer. Mesmo nesse caso, faltamos todos os dias ao respeito à mãe natureza, porque não há um único animal que leia livros, coma à mesa ou viva em casas com aquecimento central. Talvez seja por isso que haja quem lhes chame animais... qual é a palavra, exactamente? Irracionais, é isso. De resto, o próprio Sousa Tavares transgride, semanalmente, a lei natural, uma vez que não conheço nenhum animal que escreva crónicas no Público. Bom, se calhar até conheço um. RAP
posted by Gato 2:51 da manhã