Gato Fedorento

sexta-feira, dezembro 12, 2003

ASSÉDIO POLICIAL: Quer-me parecer que a introdução de praxes sexuais na escola de polícia, em que a vedeta é um manequim com um pénis de plástico, começa a influenciar a forma de actuar dos agentes. No outro dia assisti a esta conversa:

- O senhor condutor viu que fez uma manobra perigosa?
- Ó shôr guarda, desculpa lá, mas é que estou com pressa.
- Pois, mas esta manobra dá direito a três meses sem carta.
- Três meses? Não pode ser, shôr guarda. Eu preciso do carro para trabalhar! Faço o que for preciso...
- O que é isto? O senhor condutor está a tentar subornar-me?
- Não, não! As notas caíram-me da carteira. Mas podemos pensar noutra coisa qualquer que eu possa fazer...
- Que o senhor possa fazer? Mas afinal, quem é que é o agente da autoridade? Quem pode ou não pode fazer o que quer que seja sou eu!
- Claro! Tem toda a razão.
- Abra a porta e passe para o outro lado. Sabe que há uma maneira de esquecermos esta infracção, senhor condutor.
- Qual?
- Ora vamos lá a desapertar as calcinhas...
TD

posted by Gato 12:32 da manhã

quarta-feira, dezembro 10, 2003

ESTA TERCEIRA IDADE ESTÁ PERDIDA: Há duas coisas que nunca, mas nunca, se devem subvalorizar nos idosos: a sua obsessão com os beijinhos, e a capacidade que têm de se alongar fastidiosamente em relatos banais. Recorrem, para isso, a ancestrais técnicas de aborrecimento, tais como o flashback irrelevante (ex: “eu tinha acabado de..., quando”), a repetição, a tautologia, a vacuidade (ex: “de maneiras que é isto”), o pleonasmo, o excesso de informação irrelevante (ex: “vi com estes que a terra há-de comer”), etc. Por isso, um funcional diálogo como este...

- Boa tarde. Perdeu uma chave? É que eu encontrei uma no hall do prédio.
- É minha, é. Muito obrigado.
- De nada. Bom dia.
- Bom dia.

... transforma-se nisto (apenas a informação relevante encontra-se sublinhada):

- Boa tarde. Passou bem?
- Bem, obrigado.
- Como está o pequeno? Ai, estás tão grande, meu Deus. Dá cá um beijinho! Ai, os olhos são da mãe, não são? Já o nariz é seu. Ah, já me esquecia! Realmente, esta minha cabeça... Por acaso, não perdeu uma chave?
- Perdi. Encontrou-a?
- Sim. Hoje de manhã, vim despejar o lixo, porque, ontem, jantei mais tarde do que o costume, às 6 e meia da tarde, e depois já fazia muito frio, e eu não posso apanhar frio, senão lá me voltam as frieiras, e o que é que eu vejo no chão do hall do prédio? Uma chave. Eu até disse para o vizinho do 3º esquerdo, aquele que tem o cão que está sempre a fazer cocó no jardim e fica aquilo ali a empestar a entrada do condomínio, “Ó Sr. Francisco, esta chave é sua?” “Não”, respondeu-me ele. De maneiras, que aqui está a chave.
- Obrigado. Boa tarde.
- Pois. Eu vim despejar o lixo, de manhã, e ela estava ali no chão, ao lado do vaso com a flor que já morreu há duas semanas e a porteira ainda não se deu ao trabalho de a tirar dali, é o costume. Mas como não era do Sr. Francisco pensei que talvez fosse sua.
- Fez bem. Muito obrigado.
- Foi uma sorte eu tê-la encontrado. Se não tivesse vindo, hoje de manhã, despejar o lixo, por ontem ter jantado muito tarde, não a teria visto.
- Estou com um bocado de pressa. Boa tarde.
- Boa tarde. Onde é que tu vais, pequeno? Dá cá um beijinho!

É por culpa deste traço intrínseco da terceira idade (em certos casos, começa prematuramente na segunda idade e meia) que eu nunca, mas nunca, questiono um idoso sobre o seu estado de saúde. Até hoje, jamais encontrei um espécime que me respondesse “Eh pá, estou mais para o lado de lá, do que para o lado de cá”, sem que depois especifique os motivos, desenrolando uma interminável lista de maleitas. (Aqui, abordamos, se bem que superficialmente, a terceira característica exclusiva da terceira idade: a forma como os organismos dos idosos alojam dentro de si sempre mais do que uma doença em simultâneo). Por mais que pense, não consigo compreender a lógica: no fundo, as pessoas que menos tempo de vida têm são, afinal, aquelas que mais tempo perdem.
Atenção, sei que também lá chegarei. Tenho a perfeita consciência disso. Aliás, neste momento, pergunto-me se não teria sido possível abordar este assunto sem me alongar tanto. Enfim, vou ter que estar mais atento. Beijinhos. MG
posted by Gato 1:06 da tarde

domingo, dezembro 07, 2003

SAIR, NÃO SAIR: Incomoda-me a falta de pontualidade. Segundo o meu amigo Chico, as pessoas chegam atrasadas porque, quando calculam o tempo de que precisam para chegar a determinado sítio, equacionam assim: “acordar e tomar banho 20 minutos, sair, não sair, cinco minutos...”. E acabam por chegar tarde.
Pergunta o Chico: o que é “sair, não sair”? Sair de casa, voltar a entrar, repetidamente? É estar na soleira da porta? Se sim, porque é que demora cinco minutos? Mais importante, como é que as pessoas calculam o tempo que vão gastar a sair, não sair? Haverá pessoas que precisam de mais tempo para sair, não sair, enquanto que outras, mais despachadas, precisam de menos?
O facto é que há muita gente que sai de casa de manhã sem tomar o pequeno-almoço, mas não há ninguém que saia de casa sem sair, não sair. Voltarei a este assunto. ZDQ
posted by Gato 11:11 da tarde

ODETE SANTOS: Agora foi Odete Santos que veio dizer que a Coreia do Norte não é uma ditadura. Pois é, a queda do muro fez pior do que eu pensava à Odete Santos. É que ela estava lá empoleirada e quando caiu bateu com a cabeça no chão.
(E com a cara também, pelos vistos. Mas nós, aqui no Gato, não fazemos considerações sobre o aspecto das pessoas. No entanto, é uma achega que interessa, como parte da polémica entre o Barnabé e o Abrupto.) ZDQ

posted by Gato 11:08 da tarde

TGV: Estou preocupado com a chegada do TGV ao nosso país. Se com os comboios lentos que cá temos já morrem tantos a atravessar linhas, tenho medo da hecatombe que o comboio de grande velocidade vai causar.
Intriga-me, a quantidade de pessoas que morrem a atravessar linhas de comboios. Porque é que as pessoas, antes de avançarem, não experimentam olhar para os dois lados? O que é que as leva a pensar que o que aprenderam em relação a atravessar ruas não se aplica às linhas de comboio? “Ó Manel, antes de atravessares, olha para os dois lados!” E responde o Manel, sarcástico: “Ó Rui, mas isto é alguma ru...” (som pancada seca, seguido de chiar de travões – ou não, dependendo da boa vontade do maquinista)
Será que o Estado tenciona fazer algo? Será que é por isso que este novo comboio se chama “tájaver”? ZDQ
posted by Gato 11:02 da tarde

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Um blog com opiniões, nenhuma das quais devidamente fundamentada. Mantido por: Tiago Dores, Miguel Góis, Ricardo de Araújo Pereira e Zé Diogo Quintela. E-mail: gatofedorento@hotmail.com

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